Cerca de 600 pessoas, munidas de bandeiras da Rússia, concentraram-se no centro de Frankfurt, na região central da Alemanha, sob a palavra de ordem "contra o ódio e o assédio", noticiou a Agência France-Presse (AFP).
Os manifestantes concentraram-se perto do centro financeiro da cidade, sob forte vigilância de força policial.
"Vim aqui porque sou pela paz, as crianças são espancadas na escola porque falam russo, não é aceitável", disse Ozan Yilmaz, 24 anos, à AFP.
A manifestação pró-Rússia deslocou-se até ao cemitério principal da cidade, onde foram depositadas flores em frente aos portões, em memória dos soldados soviéticos que morreram durante a II Guerra Mundial. À frente da coluna de manifestantes uma faixa tinha inscrita a frase: "Verdade e diversidade de opinião mais do que propaganda".
"A guerra não começou este ano, já acontece desde 2014 e por isso acho que falar de uma agressão" da Ucrânia pela Rússia "não é muito apropriado", defendeu Sebastian, 25 anos.
Simultaneamente várias pessoas juntaram-se em Hanover, no norte do país, em resposta a apelos de membros da comunidade de língua russa, de acordo com informações da polícia local à AFP.
Os manifestantes organizaram um comboio automóvel, em fila indiana, sob estreita vigilância policial, e em simultâneo uma contra-manifestação reuniu 3.500 pessoas sob o slogan "Apoie a Ucrânia", acrescentou a polícia.
Na véspera, manifestações do mesmo tipo foram realizadas em Lübeck, no norte, com 150 participantes, segundo a polícia, assim como em Estugarda, capital do estado de Baden-Württemberg, no sudoeste da Alemanha.
Em Lübeck, a polícia tinha parado um comboio semelhante com cerca de sessenta veículos contestando "violações da legislação", em particular "o apoio demonstrado à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, assim como o uso de armas proibidas".
As autoridades alemãs temem que o conflito russo-ucraniano seja importado para o território alemão, país que tem um 1,2 milhões de pessoas originárias ou com familiares da Rússia e 325.000 da Ucrânia, escreve a AFP. A estas somam-se mais de 316.000 refugiados ucranianos chegados desde o início do conflito.
A proliferação de manifestações denunciando a "russofobia" provocou um debate no país e autoridades alertam para o perigo de instrumentalização e propaganda das teses defendidas por Moscovo.
Desde o início da invasão da Ucrânia, a polícia registou 383 crimes anti-russos e 181 crimes anti-ucranianos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.793 civis, incluindo 176 crianças, e feriu 2.439, entre os quais 336 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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