Apelidado de 'ninho de espiões' pelos residentes de Varsóvia, o local é constituído por edifícios de 10 andares construídos na década de 1970 no sul da capital, que foram utilizados por diplomatas soviéticos e, depois, pela embaixada russa, refere a agência France-Presse (AFP).
Praticamente vazio desde os anos 1990, o sítio encontra-se hoje quase em ruína e é alvo de uma disputa legal entre Polónia e Rússia, sendo que esta última ainda reivindica a propriedade.
O local foi construído como parte de um acordo de troca de terrenos entre a Polónia e a União Soviética em 1974 -- Moscovo recebeu nove propriedades em regime de arrendamento em Varsóvia, enquanto os soviéticos deveriam oferecer terrenos semelhantes na sua capital, embora nunca o tenham feito.
Em 2008, a Varsóvia denunciou estes acordos e exigiu a devolução das propriedades, tendo, em 2016, um tribunal polaco ordenado à Rússia que entregasse os edifícios e pagasse 7,8 milhões de zlótis (1,7 milhões de euros) em compensação por ocupação legal, algo que Moscovo rejeita.
"Recuperámos o chamado 'ninho de espiões', queremos entregá-lo aos nossos amigos ucranianos", afirmou o autarca, citado pela AFP, às jornalistas ao entrar nos edifícios.
Rafal Trzaskowski fez-se acompanhar por um oficial de justiça e pelo embaixador ucraniano na Polónia, apesar dos protestos de um diplomata russo no local.
"Estou contente por, desta forma simbólica, podermos mostrar que Varsóvia ajuda os nossos amigos ucranianos", sublinhou.
O embaixador ucraniano na Polónia, Andrei Destchitsia, afirmou que o local "irá certamente servir a Ucrânia" e os seus cidadãos.
"Talvez haja uma escola, talvez um infantário, talvez apartamentos. Queremos fazê-lo legalmente, não como os russos", sublinhou.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.793 civis, incluindo 176 crianças, e feriu 2.439, entre os quais 336 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,5 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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