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Nikolenko responde a Macron: "Povos irmãos não matam crianças"

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia salientou que o "mito [da irmandade] foi finalmente destruído quando os primeiros mísseis russos voaram para cidades ucranianas, em fevereiro".

Nikolenko responde a Macron: "Povos irmãos não matam crianças"

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Oleg Nikolenko, criticou esta quarta-feira as declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, que proferiu que as ações da Rússia na Ucrânia não são equivalentes a “genocídio”, uma vez que os dois povos são “irmãos”.

Para o responsável, a posição do chefe de estado francês é "dececionante", uma vez que o “mito” da irmandade entre a Ucrânia e a Rússia “começou a desmoronar após a ocupação da Crimeia e a agressão em Donbass, em 2014”.

“A Ucrânia e a Rússia são historicamente próximas por razões objetivas, mas o mito das duas nações fraternas, Rússia e Ucrânia, começou a desmoronar após a ocupação da Crimeia e a agressão em Donbass, em 2014. Os ‘irmãos’ russos vieram, supostamente, proteger a população que fala russo, mas em oito anos mataram 14 mil ucranianos”, apontou.

O porta-voz foi mais longe, salientando que “esse mito foi finalmente destruído quando os primeiros mísseis russos voaram para cidades ucranianas, em fevereiro”.

Um povo ‘irmão’ não mata crianças, não atira contra civis, não viola mulheres, não magoa idosos, e não destrói as casas dos seus ‘irmãos’. Até os inimigos mais ferozes não cometem atrocidades contra pessoas indefesas”, complementou, rematando que, neste momento, não existe qualquer tipo de razão para se falar sobre “laços fraternos entre os povos russo e ucraniano”.

Recorde-se que o presidente norte-americano, Joe Biden, descreveu esta terça-feira a invasão e as ações das tropas russas na Ucrânia como um “genocídio”, durante uma viagem ao Estado de Iowa, dedicada à luta contra a inflação que atinge os Estados Unidos.

Questionado quanto à posição do seu homólogo, Macron recusou seguir a mesma linha, justificando que a Rússia e a Ucrânia são “dois povos irmãos”, ainda que considere que “a situação é inaceitável” e que “estamos a viver crimes de guerra sem precedentes no nosso solo – no nosso solo europeu”.

Também o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, apontou o dedo a Biden, considerando que a "distorção da situação na Ucrânia" é "inaceitável", principalmente por serem acusações proferidas por "um presidente dos Estados Unidos, um país que cometeu crimes bem conhecidos nos últimos tempos".

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já matou quase dois mil civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

O conflito causou também a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: "Genocídio"? Declarações de Biden são "inaceitáveis", alerta Peskov

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