"É o que estávamos a pedir, por razões humanitárias, mas não parece possível", disse Guterres numa conferência de imprensa.
O secretário-geral especificou que as Nações Unidas ainda aguardam respostas da Rússia a propostas concretas para a retirada de civis e garantia de entrega de ajuda humanitária às zonas de guerra.
Guterres enviou recentemente o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, o britânico Martin Griffiths, à Rússia e à Ucrânia com a missão de garantir um cessar-fogo humanitário.
Em Moscovo, o enviado reuniu-se com funcionários dos Negócios Estrangeiros e da Defesa a quem apresentou propostas para facilitar a entrega de ajuda humanitária e a retirada de civis apanhados no meio dos combates.
Questionado pela agência France Press sobre se considera que um "genocídio" está em andamento na Ucrânia, como classificou o Presidente norte-americano, Joe Biden, na terça-feira, o chefe da ONU teve o cuidado de não usar o termo novamente.
"O genocídio está estritamente definido no direito internacional. E na ONU contamos com a determinação legal dos órgãos judiciais competentes", disse o ex-primeiro-ministro português, lembrando que uma investigação internacional sobre a guerra na Ucrânia foi aberta pelo Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia (Holanda).
António Guterres também instou o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, que devem realizar as suas reuniões de primavera em breve em Washington, a libertar dinheiro para os países em desenvolvimento que sofrem as consequências da invasão russa da Ucrânia.
Segundo a ONU, 107 países já sofrem as repercussões desse conflito, incluindo 69 expostos a um triplo efeito nas áreas de alimentos, recursos energéticos e sistemas financeiros. Desses 69 países, 25 estão em África, segundo a organização.
Dentro dessas instituições multilaterais existem instrumentos monetários, "o dinheiro está lá e deve ser usado" para ajudar a minimizar as consequências da guerra nos países em desenvolvimento, argumentou o secretário-geral da ONU.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,6 milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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