Criticada por Macron, Le Pen atira: "[É o] presidente mais extremista"

A candidata usou como exemplo a ação policial contra os manifestantes políticos, nomeadamente durante os protestos do movimento Coletes Amarelos.

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© REUTERS/Pascal Rossignol

Daniela Filipe
14/04/2022 10:33 ‧ 14/04/2022 por Daniela Filipe

Mundo

França

Perante as afirmações do presidente francês, Emmanuel Macron, que a acusou de reter as suas tendências “autoritárias” – depois de ter banido uma equipa de jornalistas dos seus comícios, na terça-feira –, a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, atirou as críticas de volta ao chefe de estado, que, segundo a mesma, “[é o] presidente com mais sinais de extremismo”.

“Estas críticas fazem-me sorrir, porque nunca tivemos um presidente que mostrasse mais sinais de extremismo do que Emmanuel Macron”, acusou Le Pen esta quinta-feira, durante uma entrevista com o canal France 2, citada pela Reuters.

A candidata usou como exemplo a ação policial contra os manifestantes políticos, nomeadamente durante os protestos do movimento Coletes Amarelos, que saíram à rua pela primeira vez em 2018, após o anúncio do aumento de impostos sobre os combustíveis. Seguiram-se, então, dezenas de outras manifestações, - muitas vezes marcadas por violência -, replicadas também em Portugal.

Se eleita, a candidata apontou, durante a entrevista, a possibilidade de realizar um referendo público quanto à reintrodução da pena de morte – medida que, anteriormente, teria dito que votaria contra.

Depois de ter impedido a entrada dos jornalistas do Quotidien – um programa de 'infotainment' que aborda a atualidade num tom ‘cómico’ – no seu comício, Macron não tardou a comparar a atitude da candidata às políticas de Viktor Órban, primeiro-ministro da Hungria, que lançou uma ‘guerra’ contra a liberdade de imprensa e os meios de comunicação independentes.

Também em entrevista com a France 2, o presidente francês desvalorizou as opiniões de especialistas que afirmam que Le Pen está mais moderada nestas eleições, justificando que o episódio com a equipa do Quotidien demonstra que "a verdadeira face da extrema-direita está a voltar", com “desvios autoritários” por parte de Le Pen.

Recorde-se que, em 2017, o presidente francês – candidato pelo partido liberal La République en Marche! pela segunda vez, – venceu Marine Le Pen confortavelmente, na altura do Front Nationale – partido que mudou de nome para Rassemblement National em 2018, numa tentativa de se distanciar do passado marcado pela xenofobia e racismo de Jean-Marie Le Pen, pai da candidata.

Ainda que se mostre mais moderada nesta campanha presidencial, Le Pen continua apologista do estabelecimento de medidas xenófobas contra o acolhimento de refugiados, assim como de leis islamofóbicas, que atacam a grande comunidade muçulmana em França.

Ao dia de ontem, quarta-feira, os candidatos são separados por apenas 6%, com Macron a liderar a tabela, segundo as sondagens do POLITICO Europe. A segunda volta das eleições tem data marcada para o dia 24 de abril, depois de Le Pen ter garantido (por pouco) o segundo lugar na primeira volta do passado domingo, posicionando-se à frente de Jean-Luc Mélenchon, candidato do partido de esquerda La France Insoumise.

Leia Também: Le Pen proíbe equipa de jornalistas. Macron fala em "desvio autoritário"

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