A autarquia de Mariupol revelou esta quinta-feira que até 9.000 corpos de cidadãos locais podem estar enterrados, numa vala comum, nas proximidades de Manhush. Em causa está uma aldeia que se encontra a cerca de 20 quilómetros da cidade portuária sitiada, atualmente cercada pelas forças russas e que já é, na sua maioria, controlada pelas mesmas.
A mesma entidade, aqui citada pelo The Kyiv Independent, faz esta revelação com base em imagens de satélite de uma vala comum, publicadas pela empresa de tecnologia espacial Maxar. As mesmas sugerem que podem ser encontrados, nesse mesmo local, entre 3.000 e 9.000 cadáveres.
“Os ocupantes cavaram trincheiras com uma profundidade de 30 metros e estão a usar camiões para trazer os corpos”, revelou ainda a autarquia. De acordo com a mesma fonte, a vala comum em causa é já "duas vezes maior do que o cemitério mais próximo".
️Mariupol City Council: Up to 9,000 Mariupol residents could be buried in Manhush.
— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) April 21, 2022
According to the council, satellite images of a mass grave in Manhush, a town 20 km west of the besieged port city, published by Maxar suggest that 3,000-9,000 people could be buried there.
De acordo com a BBC, as imagens da Maxar mostram a presença de cerca de 200 sepulturas nesse local, número que tem vindo a crescer desde o final de março.
Funcionários locais ucranianos têm, a este propósito, acusado as tropas de Moscovo de enterrarem civis que foram mortos pelos russos no local. Uma acusação que, de acordo com a BBC, ainda não teve resposta por parte da Rússia.
Refira-se, a este propósito, que o autarca de Mariupol, Vadym Boichenko, tinha já dito que dezenas de milhares de civis podem ter sido mortos na cidade sitiada desde o início da invasão russa.
No início deste mês, outras imagens divulgadas pela Maxar vieram revelar aquilo que tem vindo a ser descrito pelo Ocidente como o "genocídio" de Bucha. As provas em causa vieram dar conta da existência de inúmeros corpos de civis espalhados pelas ruas, quase duas semanas antes terem abandonado a região. O presidente da Câmara de Bucha, Anatoliy Fedoruk, disse que pelo menos 300 civis tinham sido abatidos na cidade.
Moscovo tem vindo, repetidamente, a negar as acusações, feitas pela Ucrânia e pelos aliados ocidentais, que culpam as suas tropas de serem responsáveis por assassínios em massa de pessoal não militar.
Ao 57.º dia, a ofensiva militar russa na Ucrânia, que teve início a 24 de fevereiro, já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
[Notícia atualizada às 22h24]