"Elas estão a derrapar, pois uma proposta que apresentámos aos negociadores ucranianos há cinco dias, e que foi elaborada tendo em conta os comentários deles, continua sem resposta", declarou Lavrov numa conferência de imprensa em Moscovo com o seu homólogo cazaque, Mukhtar Tleuberdi.
A equipa negocial ucraniana disse nunca ter recebido qualquer proposta russa e acusa Moscovo de mais uma manobra de desinformação para manipular a opinião pública.
Na mesma ocasião, o MNE russo disse igualmente ter dúvidas quanto à vontade dos dirigentes ucranianos de prosseguir as negociações.
"É muito estranho para mim ouvir todos os dias declarações (...), inclusive do Presidente [ucraniano] e dos seus conselheiros, que dão a impressão de que não precisam destas negociações para nada", observou Lavrov, sem especificar exatamente a que declarações se referia.
O chefe da delegação negocial russa, Vladimir Medinski, indicou também que hoje decorreu uma nova sessão de conversações.
Na semana passada, Kyiv assegurou que as negociações com Moscovo estavam a ser "extremamente difíceis".
Entretanto, no terreno, os combates prosseguem, em particular no leste da Ucrânia e na grande cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país, desde o início de março cercada pelo exército russo e onde as forças ucranianas controlam ainda o enorme complexo industrial siderúrgico de Azovstal, onde se encontram refugiados milhares de civis.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que a classificou como a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 58.º dia, já matou mais de 2.000 civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito mais elevado.
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