A Moldova exprimiu "profunda preocupação" junto do embaixador devido às declarações do general russo Rustam Minnekaiev, indicou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros moldovo.
A Moldova "considera estas declarações como infundadas e contraditórias com o apoio da Rússia à soberania e integridade territorial do nosso país", prosseguiu o ministério.
"A Moldova é um país neutral" e apela a Moscovo que "respeite esse princípio", acrescentou.
A inquietação da Moldova relaciona-se com as declarações do general Rustam Minnekaiev, comandante adjunto das forças do Distrito militar do Centro da Rússia, que hoje afirmou a intenção de Moscovo em assumir "o controlo total do Donbass [leste] e do sul da Ucrânia".
Segundo Minnekaiev, o controlo do sul da Ucrânia deve designadamente permitir que seja fornecida ajuda aos separatistas russófonos da Transnístria, que desde 1992 controlam este território da Moldova junto à fronteira com o oeste da Ucrânia. Nesta região está instalada uma base militar russa.
"O controlo do sul da Ucrânia também inclui um corredor em direção à Transnístria, onde também se registam casos de opressão da população russófona", assegurou o general Minnekaiev.
Estas declarações suscitaram inquietação entre as autoridades moldovas, por ter sido este um dos argumentos que Moscovo esgrimiu para justificar a sua invasão da Ucrânia, ao também acusar o Governo de Kyiv de perseguição às populações russófonas.
As complexas relações entre a Rússia e a Moldova, uma ex-república soviética de 2,6 milhões de habitantes situada entre a Roménia e a Ucrânia, agravaram-se após a eleição em 2020 de Maia Sandu, uma Presidente pró-europeia.
A Transnístria, que declarou a secessão da Moldova após uma curta guerra civil no decurso da desintegração da União Soviética, possui cerca de 500.000 habitantes e é apoiada económica e militarmente por Moscovo.
Este território, atravessado pelo rio Dniestre, não é reconhecido como Estado pelas instâncias internacionais.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, ao argumentar a necessidade de defender a população russófona local, bem como "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho.
A ONU confirmou a morte de mais de 2.000 civis em quase dois meses de combates, mas tem alertado para a probabilidade de o número ser muito mais elevado.
A guerra levou mais de cinco milhões de pessoas a fugir da Ucrânia, havendo ainda sete milhões de deslocados no país, segundo a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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