Kyiv acusa grupo francês de contornar sanções e vender material à Rússia

Um assessor da presidência ucraniana acusou hoje a empresa francesa Thales de contornar as sanções e vender à Rússia, em 2015, material usado atualmente para matar civis na Ucrânia, situação negada pelo grupo que fabrica equipamentos de defesa.

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Lusa
22/04/2022 23:19 ‧ 22/04/2022 por Lusa

Mundo

Rússia/Ucrânia

"Uma família que estava a tentar fugir, foi morta por assassinos russos. Mortos, como agora está comprovado, com armas francesas vendidas para contornar as sanções em 2015", referiu Mikhailo Podolyak, conselheiro do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, através da rede social Twitter.

À agência France-Presse (AFP), a empresa francesa Thales negou ter contornado as sanções contra a Rússia.

"A Thales sempre cumpriu rigorosamente as regulamentações francesas e internacionais, inclusivo no que diz respeito à aplicação das sanções europeias de 2014 contra a Rússia", assegurou o grupo francês.

"Nenhum contrato de exportação de equipamentos de defesa foi assinado com a Rússia desde 2014 e nenhuma entrega foi feita à Rússia desde o início do conflito na Ucrânia", referiu ainda a Thales, acrescentando que decidiu encerrar suas atividades na Rússia.

Na publicação no Twitter, Mikhailo Podolyak partilha um vídeo de um bloguista ucraniano, Pavlo Kachchuk, que analisa os danos causados ??a um carro no qual foi encontrado o corpo de uma mulher morta em Bucha, perto de Kyiv.

"Como é que soldados russos mal treinados podem atirar com tanta precisão com equipamentos antigos pós-soviéticos?", questiona no vídeo, acrescentando: "A resposta foi encontrada em Vorzel (cidade próxima de Bucha) onde as nossas tropas, após a retirada russa, capturaram veículos blindados BMD-4".

Estes veículos blindados estão equipados com "sistemas de controlo de fogo que lhes permitem disparar com grande precisão independentemente do clima, do vento ou mesmo da hora do dia. Componentes e tecnologia vendidos à Federação Russa pela empresa francesa Thales", acrescenta o blogueiro.

Ainda no vídeo é mostrada uma câmara térmica que Pavlo Kachchuk afirma ter sido recuperada de um tanque russo abandonado, com o logótipo da Thales visível, acompanhado da data 16/06 e as palavras "made in Russia" [feito na Rússia, em português].

"Foi montado na Rússia sob licença", acusa o blogueiro. "Este é apenas um dos muitos esquemas que permitem às empresas francesas contornar o embargo", atirou.

Estas acusações surgem no seguimento de vários media 'online' terem divulgado em meados de março que a França entregou equipamentos militares, incluindo câmaras térmicas, à Rússia, entre 2015 e 2020, ou seja, após as sanções europeias que se seguiram à anexação da Crimeia por Moscovo.

As Forças Armadas francesas reagiram na altura, explicando que se tratavam de contratos celebrados antes das sanções adotadas em julho de 2014 e que a França tinha o direito de realizar, ao abrigo de uma cláusula que permite que um contrato concluído antes da anexação da Crimeia pelos russos possa chegar ao ser termo.

Desde a anexação da Crimeia pela Federação Russa em 2014 que a União Europeia impõe um embargo ás vendas de armas, mas a França continuou a vendê-las, argumentando com o cumprimento de contratos assinados antes desta data.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Leia Também: Holanda vai suspender compras de gás, petróleo e carvão à Rússia

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