Uma mulher, refugiada ucraniana, ficou sem casa e foi despejada poucos dias depois de se ter mudado para Brighton, Reino Unido, para casa de alguém que a acolheu e depois lhe exigiu dinheiro.
Olha, de 36 anos, falou ao The Guardian mas pediu para que o seu nome verdadeiro não fosse revelado. Mudou-se para casa da sua anfitriã que se tinha registado no programa Homes for Ukraine, em português, Casas para a Ucrânia lançado pelo governo. Fugida da guerra na Ucrânia, achava estar segura, mas foi-lhe dito para partir quando disse que não podia pagar o dinheiro que a anfitriã exigia.
Uma fonte do Departamento de Levelling Up, Housing and Communitys disse ao mesmo meio que não era aceitável que os anfitriões exigissem dinheiro aos convidados ucranianos. Os anfitriões podem reclamar 350 libras por mês (cerca de 400 euros) de um fundo governamental para cobrir os custos do acolhimento de refugiados ucranianos.
A vice do conselho municipal de Brighton e Hove, Hannah Clare, confirmou que o conselho estava ciente do caso e condenou o esquema de acolhimento do governo.
"O programa de alojamento do governo para a Ucrânia foi mal montado. Entre as suas falhas está o facto de não haver um mecanismo para os conselhos transferirem um convidado ucraniano para um local alternativo quando algo deste género acontece", disse .
Olha, que trabalhava nas finanças e economia antes do início da guerra, combinou com uma mulher britânica na casa dos 60 - através de um grupo do Facebook - e tinha-se registado no programa Casas para a Ucrânia do governo. Fugiu da sua casa em Dnipro a 28 de março e iniciou uma perigosa e dolorosa viagem de carro para sair da Ucrânia. Chegou a Brighton cerca de duas semanas mais tarde.
No início, Olha pensou que as coisas iriam correr bem. A anfitriã ofereceu-lhe uma refeição quando chegou, mas disse-lhe que se esperava que arranjasse a sua própria comida depois disso. Depois, começou a exigir dinheiro.
Obrigada a sair, conseguiu encontrar alguém na igreja local que se ofereceu para a deixar ficar com ela durante alguns dias.
"Estou numa situação muito difícil porque a minha família ainda está na Ucrânia. O meu irmão é um soldado e a minha mãe recusou-se a deixar o país. Recebi informações contraditórias sobre o que devo fazer a seguir. Não quero assustar outros ucranianos que vêm para cá, mas o que me aconteceu é terrível. Causou-me tanto stress e fez-me sentir totalmente insegura", disse ao The Guardian.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais quase 5,2 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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