Na madrugada de 26 de abril de 1986, em Chernobyl, pelas 1h23min47s deu-se a maior tragédia nuclear de que há história. Durante um teste de segurança, e devido a falhas humanas, explodiu o reator 4.
Dois ou três segundos após a primeira explosão, uma segunda deu-se e ejetou fragmentos das pastilhas de combustível, - bem como grafite aquecido. O núcleo do reator fundiu-se graças às altíssimas temperaturas e tornou-se incandescente, dando início a um grande incêndio.
A explosão do reator da central de Chernobyl, situada a 120 quilómetros a norte de Kyiv, junto à fronteira com a Bielorrússia, lançou para a atmosfera 200 toneladas de material com uma radioatividade equivalente a entre 100 e 500 bombas atómicas como as lançadas pelos Estados Unidos sobre Hiroshima, no centro do Japão.
Os bombeiros de Pripyat foram chamados para apagar o incêndio, mas, sem sucesso. Assim, entre o segundo e o décimo dia, com a ajuda de helicópteros, foram despejadas cerca de 5000 toneladas de boro, dolomita, areia, argila e chumbo sobre o reator incandescente, numa tentativa de cessar a emissão de partículas radioativas.
Na galeria, veja o vídeo e recorde os primeiros momentos do acidente
O acidente terá matado milhares de pessoas - este número continua a ser controverso por ser difícil definir quantas pessoas foram na realidade afetadas pelo acidente.
Apesar da gravidade do acidente, a população de Pripyat só começou a ser evacuada 36 horas após a explosão. Na cidade viviam 50 mil habitantes, que foram retirados em 1200 autocarros enviados pelo governo soviético. Foi-lhes dito para não levarem grandes pertences uma vez que seria uma situação temporária. Ao longo do ano de 1986, um total de 115 mil pessoas foram evacuadas de regiões próximas da área afetada.
Os primeiros a alertarem a comunidade internacional do sucedido na União Soviética foram os suecos. As questões realizadas ao governo soviético levaram-no a admitir que o acidente tinha acontecido já no dia 28 de abril. Até então, os soviéticos tentaram esconder o acidente, temendo os impactos na reputação do país.
Os trabalhos de contenção contaram com a construção de uma estrutura que faria a contenção do material radioativo e foi construída entre junho e novembro de 1986. Em novembro de 2016, uma nova estrutura metálica de confinamento do reator 4 foi construída pelo governo ucraniano. O novo sarcófago custou mais de dois bilhões de euros e foi construído para suportar terremotos de baixa intensidade e projetado para funcionar até o final do século XXI.
O solo ainda é improdutivo no local – e os cálculos estimam que a área só se torne habitável por humanos novamente daqui a 24.000 anos.
36 anos depois, área volta a estar comprometida
A história de Chernobyl pode estar perante um novo e assustador capítulo. Depois de anos a lidar com o material radioativo com zelo, isolando a controlando a zona, tentando evitar novas fatalidades, a guerra na Ucrânia trouxe movimentações perigosas na zona.
Num dos locais mais radioativos do mundo, soldados russos cavaram trincheiras, cortaram eletricidade e impediram o controlo da radiação em Chernobyl. A maioria desses homens terão morrido e os que sobreviveram estarão no hospital, vítimas da forte radiação que terão libertado ao cavar as trincheiras.
Em tempos normais, cerca de seis mil pessoas trabalham na zona, cerca de metade das quais na central nuclear. Quando os russos invadiram, foi dito à maioria dos trabalhadores para saírem imediatamente. Agora, restam cerca de 100 na central nuclear e 100 noutros locais.
36 anos anos depois, como se nada tivéssemos aprendidos com a história, as autoridades ucranianas não podem monitorizar os níveis de radiação em toda a zona porque os soldados russos levaram o servidor principal do sistema e a ligação foi cortada em 2 de março.
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