Alemanha cede à pressão internacional e vai enviar armas à Ucrânia

O governo alemão tem sido muito pressionado para abandonar a sua política anti-armamento que dura há décadas.

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Notícias ao Minuto
26/04/2022 11:49 ‧ 26/04/2022 por Notícias ao Minuto

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Depois de muita pressão por parte da comunidade internacional, da Ucrânia e mesmo por membros do próprio governo, o chanceler alemão, Olaf Scholz, aceitou (finalmente) enviar tanques às forças armadas ucranianas. A decisão surgiu no contexto das conversas sobre apoio militar à Ucrânia na base norte-americana de Ramstein, na Alemanha, que junta esta terça-feira os líderes militares de 40 países.

A notícia já tinha sido antecipada pelo jornal espanhol ABC, através de fontes do ministério da Defesa alemão, a ministra da Defesa, Christine Lambrecht anunciará que a empresa privada Krauss-Maffei Wegmann (KMW), uma produtora e fornecedora de material bélico, obterá permissão para vender e enviar tanques Gepard para a Ucrânia.

Esta manhã, Lambrecht confirmou a decisão, afirmando que, "perante a guerra e a agressão brutal", a Alemanha afasta-se "da política de contenção sobre a exportação de armas para zonas de conflito, sobretudo para ajudar a Ucrânia".

"Não foi fácil, mas foi uma decisão apoiada pela maioria da nossa população", disse a ministra da Defesa da Alemanha.

A KMW também deverá receber autorização do governo federal alemão para vender modelos antigos e restaurados de tanques antiaéreos. O ABC acrescenta que a KMW poderá vender sistemas Panzerhaubitze 2000, um sistema de defesa de fabrico alemão e neerlandês que pode atacar alvos a 40 quilómetros de distância.

Os pedidos de defesa antiaérea são dos mais frequentes por parte dos ucranianos que, apesar de conseguirem contrariar os avanços dos russos em algumas áreas, continuam com um reduzido armamento que permita combater a aviação russa.

A governante alemã acrescentou que "Putin pensou que os aliados ocidentais iam dividir-se com a guerra", mas a decisão da Alemanha mostra que "ocorreu exatamente o contrário". "A coligação diplomática garante resistência e aposta na ordem com base no direito e abarca todo o mundo", afirmou.

Fim da neutralidade no armamento?

A pressão sobre a Alemanha tem aumentado de dia para dia, com os países da NATO a exigirem que o governo federal alemão ceda e termine com a sua política contra o envio de armas para países terceiros, uma política que tem imperado no país desde a queda do muro de Berlim.

O máximo que a Alemanha fez até agora, além de participar nas sanções contra a Rússia, foi enviar material de proteção para Kyiv. E mesmo no campo das sanções, continua a ser debatida a forte dependência da Alemanha do gás natural russo.

No entanto, se uma decisão sobre o envio de armas poderá ser bem recebida pelos aliados dos germânicos, os partidos dentro das fronteiras da Alemanha terão um olhar menos favorável.

O partido socialdemocrata SPD, o partido que lidera o governo e que nomeou o chanceler, é o mais crítico contra o armamento a países terceiros, e o ABC espera que surjam críticas contra o chanceler pela decisão. Mas dentro do próprio governo, Scholz foi pressionado pelos parceiros a agir.

Na semana passada, a líder parlamentar do partido liberal FDP, que pertence à coligação no governo, exigiu que Alemanha "tivesse um papel central" na resolução da guerra, através do envio de armas.

Já do outro lado da bancada, a CDU, o partido conservador de direita outrora liderado por Angela Merkel e maior partido da oposição, deverá apoiar uma potencial decisão e ficar do lado do principal adversário interno.

Desde o início da invasão da Rússia a 24 de fevereiro, já morreram mais de 2.600 civis ucranianos na guerra, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a agência da ONU alerta que o número real de mortos deverá ser muito superior, tendo em conta o elevado número de civis mortos em cidades bombardeadas e sitiadas pelos russos, e as valas comuns que vão sendo encontradas em cidades após a retirada de tropas.

Leia Também: Alemanha considera injustificável expulsão de diplomatas pela Rússia

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