Eleição de Lula reforçará ligações com África para saldar "dívida enorme"

O secretário das Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores (PT) brasileiro afirmou hoje em Lisboa que, se Lula da Silva voltar ao poder, irá reforçar as ligações com África, continente com quem o Brasil "tem uma dívida muito grande".

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Lusa
27/04/2022 12:47 ‧ 27/04/2022 por Lusa

Mundo

Brasil

Em entrevista à agência Lusa, Roménio Pereira mostrou-se confiante no regresso de Lula ao poder, no seguimento das eleições de outubro deste ano, para as quais vai apresentar a pré-candidatura a 07 de maio.

Regressado de França, onde assistiu às presidenciais que deram vitória a Macron, apoiado nesta volta por Lula, Roménio Pereira cumpriu "o sonho" de participar na "marcha dos cravos", na passada segunda-feira.

Sobre o regresso de Lula ao poder, umas das coisas que garantiu que este pretende fazer é ter "um olhar preciso com África".

"Nós, brasileiros, temos uma dívida muito grande com o continente africano", disse.

E acrescentou: "Sou daqueles que tem a clareza de que o Brasil tem um débito muito grande com África. Temos mais de 50% da população negra no país. É uma população que precisa de ter mais espaço nas esferas públicas".

"África, não só no Brasil, não é um continente para o qual as pessoas olhem com o devido respeito que merece", lamentou, acrescentando que "há uma certa discriminação com a realidade que África".

"É uma região extremamente importante, rica em recursos naturais, tem uma das culturas mais belas do mundo -- o povo africano - e temos muito que aprender com a comunidade africana", sublinhou.

E insistiu: "Hoje, o Brasil recebe uma parte grande de migrantes da África e precisamos construir essa relação", defendeu.

A propósito de relações internacionais, lamentou que o bloco BRICS - que inclui o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - hoje "praticamente não exista".

Uma situação que, afirmou, será alterada com o regresso de Lula ao governo brasileiro, pois "o Brasil precisa de um governo que olhe para o país, mas que construa felações internacionais fortes".

Sobre o conflito na Ucrânia, tal como o documento emanado da direção do PT, Roménio Pereira afirmou que esta é pela paz.

"Nenhum país tem o direito de dar nenhum tiro contra outro país. A consequência é que ambas as partes estão sofrendo, há mortes dos dois lados, sabemos a dificuldade que a Ucrânia sofre neste momento", disse.

Explicou que o PT está a ajudar através de "intervenções partidárias, em defesa da paz" e escusou-se a comentar a posição do PCP de estar ausente na sessão parlamentar que contou com a intervenção online do Presidente ucraniano.

"O que eu defendo é que se busque a paz", mas "há outras situações mundiais, embargos, também com consequências. Não se dão tiros, não se matam pessoas, mas matam-se as pessoas pelos embargos, feitos pelas outras nações internacionais", afirmou, numa referência aos embargos impostos pelos Estados Unidos a Cuba, Venezuela, Irão.

"Cuba vive uma consequência por ser um regime que eles conquistaram, que é modelo em várias áreas pelo mundo fora, que é um embargo dos Estados Unidos de muitos anos".

E concluiu, "Acima de tudo estamos a defender a paz e não queremos embargos a nenhum país no mundo".

Leia Também: Brasil. Lula admite abrir leque de apoio a partidos mais ao centro

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