Em entrevista à agência Lusa, Roménio Pereira mostrou-se confiante no regresso de Lula ao poder, no seguimento das eleições de outubro deste ano, para as quais vai apresentar a pré-candidatura a 07 de maio.
Regressado de França, onde assistiu às presidenciais que deram vitória a Macron, apoiado nesta volta por Lula, Roménio Pereira cumpriu "o sonho" de participar na "marcha dos cravos", na passada segunda-feira.
Sobre o regresso de Lula ao poder, umas das coisas que garantiu que este pretende fazer é ter "um olhar preciso com África".
"Nós, brasileiros, temos uma dívida muito grande com o continente africano", disse.
E acrescentou: "Sou daqueles que tem a clareza de que o Brasil tem um débito muito grande com África. Temos mais de 50% da população negra no país. É uma população que precisa de ter mais espaço nas esferas públicas".
"África, não só no Brasil, não é um continente para o qual as pessoas olhem com o devido respeito que merece", lamentou, acrescentando que "há uma certa discriminação com a realidade que África".
"É uma região extremamente importante, rica em recursos naturais, tem uma das culturas mais belas do mundo -- o povo africano - e temos muito que aprender com a comunidade africana", sublinhou.
E insistiu: "Hoje, o Brasil recebe uma parte grande de migrantes da África e precisamos construir essa relação", defendeu.
A propósito de relações internacionais, lamentou que o bloco BRICS - que inclui o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - hoje "praticamente não exista".
Uma situação que, afirmou, será alterada com o regresso de Lula ao governo brasileiro, pois "o Brasil precisa de um governo que olhe para o país, mas que construa felações internacionais fortes".
Sobre o conflito na Ucrânia, tal como o documento emanado da direção do PT, Roménio Pereira afirmou que esta é pela paz.
"Nenhum país tem o direito de dar nenhum tiro contra outro país. A consequência é que ambas as partes estão sofrendo, há mortes dos dois lados, sabemos a dificuldade que a Ucrânia sofre neste momento", disse.
Explicou que o PT está a ajudar através de "intervenções partidárias, em defesa da paz" e escusou-se a comentar a posição do PCP de estar ausente na sessão parlamentar que contou com a intervenção online do Presidente ucraniano.
"O que eu defendo é que se busque a paz", mas "há outras situações mundiais, embargos, também com consequências. Não se dão tiros, não se matam pessoas, mas matam-se as pessoas pelos embargos, feitos pelas outras nações internacionais", afirmou, numa referência aos embargos impostos pelos Estados Unidos a Cuba, Venezuela, Irão.
"Cuba vive uma consequência por ser um regime que eles conquistaram, que é modelo em várias áreas pelo mundo fora, que é um embargo dos Estados Unidos de muitos anos".
E concluiu, "Acima de tudo estamos a defender a paz e não queremos embargos a nenhum país no mundo".
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