Em abril de 2019, combatentes do marechal Khalifa Haftar, o 'homem forte' do leste da Líbia, tentaram conquistar Tripoli, a sede do Governo reconhecido pela ONU, mas acabaram por recuar, em junho de 2020, após o fracasso da sua ofensiva.
Nos subúrbios do sul de Tripoli, principal cenário dos confrontos, os combatentes deixaram para trás minas antipessoal que "mutilaram várias centenas de civis, incluindo crianças, e impediram que os habitantes do sul de Tripoli voltassem para as suas casas", referiu o investigador da HRW na Líbia Hanan Salah, num relatório hoje divulgado.
De acordo com o documento, que cita o Centro Líbio de Ação contra as Minas, um organismo oficial, as minas antipessoal mataram 130 pessoas, feriram cerca de 200 e obrigaram milhares a ir viver para outras zonas do país.
Os combates cessaram no verão de 2020, sendo que o acordo de cessar-fogo, assinado em outubro do mesmo ano, ainda é respeitado.
No entanto, o país ainda está atolado numa interminável transição, desde a queda do regime de Muammar Kaddafi, em 2011, com dois governos rivais em disputa pelo poder.
As operações de desminagem em curso são prejudicadas pela "governação fragmentada, coordenação insuficiente entre agências governamentais e grupos humanitários", assim como pela insuficiência de recursos, aponta a HRW.
O conflito armado de Tripoli foi, em grande parte, alimentado por interferência estrangeira e milhares de mercenários de diferentes nacionalidades participaram nos combates.
Segundo a HRW, que cita imagens fornecidas por grupos humanitários antiminas, foram "identificadas 10 minas antipessoal de origem soviética e russa" na Líbia.
"Até agora, nenhum comandante ou combatente líbio e estrangeiro responsável por graves abusos durante a guerra de Tripoli de 2019-2020 foi responsabilizado", lamentou Hanan Salah, para quem "é necessária uma ação internacional para que processos judiciais avancem".
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