"O Reino Unido está a desafiar a gravidade numa altura em que o mundo está a encolher em termos económicos", avisou o presidente do Instituto Peterson de Economia Internacional durante a Conferência "A economia do 'Brexit': O que aprendemos?".
Referindo a tendência de "desglobalização" do mundo devido à crescente oposição entre Estados Unidos e China, salientou que o Reino Unido está em risco porque atualmente não faz parte de qualquer grande bloco económico.
"As coisas às quais está associado, como a Organização Mundial de Comércio ou a aliança EUA-Reino Unido, estão a tornar-se cada vez mais politizadas e pouco confiáveis", explicou.
Para este antigo economista da Reserva Federal (1994-1997), o Reino Unido precisa de "resistir às ilusões da ressaca imperialista" e parar de "deixar que as grandes ambições de segurança e polícia externa se imponham sobre as decisões económicas".
Posen defendeu que o Reino Unido "deve voltar a um acordo de comércio 'soft-Brexit'", aceitar a convergência regulatória com o modelo europeu e "aceitar que, em termos comerciais, vai tornar-se mais como a Suíça e Noruega".
"Deixem que a gravidade vos puxe de novo à terra antes que acabem a flutuar", vincou.
O economista abriu a conferência do centro de estudos académicos UK in a Changing Europe, que nos últimos dois dias publicou vários estudos sobre o impacto económico do 'Brexit'.
Um estudo do Centro de Desempenho Económico da universidade London School of Economics concluiu que o acordo de comércio pós-Brexit com a UE causou um "declínio acentuado" no número de relações comerciais entre o Reino Unido e o bloco, mas admite não existirem provas de um "declínio sustentado".
Segundo o estudo, embora as exportações britânicas tenham recuperado para níveis pré-pandemia, uma análise mais minuciosa mostra que o número de negócios caiu cerca de 30%, afetando sobretudo empresas de menor dimensão que têm dificuldade em cobrir os custos com a burocracia adicional.
Um estudo separado concluiu que as barreiras comerciais introduzidas após a saída da UE levaram a um aumento de 6% nos preços dos bens alimentares entre dezembro de 2019 e setembro de 2021.
O Reino Unido deixou formalmente de ser um Estado-membro da União Europeia em 31 de janeiro de 2020, na sequência do referendo de 2016, quando 52% dos eleitores votaram pela saída da UE.
Após um período transitório e a conclusão do Acordo de Comércio e Cooperação, o Reino Unido abandonou o Mercado Único e a União Aduaneira em 01 de janeiro de 2021.
Leia Também: Reino Unido e Indonésia estreitam relações comerciais e de segurança