A iniciativa, que visa cobrir as necessidades alimentares básicas das pessoas afetadas, abrange 1.200 famílias (cerca de 10.000 pessoas) que receberão 2.330 dalasis da Gâmbia (cerca de 41 euros) por mês, entre abril e junho deste ano.
"As famílias afetadas por este conflito armado já sofriam de uma situação de segurança alimentar difícil devido à fraca colheita do ano passado, às consequências socioeconómicas da pandemia de covid-19 e ao aumento dos preços", disse o diretor nacional do PAM na Gâmbia, Yasuhiro Tsumura, através de um comunicado.
De acordo com o relatório de novembro de 2021 da Food Crisis Prevention Network (FCPN), a Gâmbia encontra-se no seu pior nível de insegurança alimentar e subnutrição em cinco anos, com 207.000 pessoas (8,6% da população) a sofrer de escassez alimentar aguda a partir de junho de 2022.
A região de Casamansa, no sul do Senegal, que partilha uma fronteira com a Gâmbia, tem sido palco de uma rebelião armada - considerada um "conflito de baixa intensidade" - desde 1982, entre o governo senegalês e os rebeldes das Forças Democráticas de Casamansa.
Este grupo exige independência para esta região senegalesa, separada do resto do país pela vizinha Gâmbia e que, historicamente, se tem sentido abandonada pelo governo central.
Nos últimos anos, o exército senegalês levou a cabo operações militares para neutralizar os rebeldes que se refugiam na zona, para permitir que a população regresse às suas casas e para combater as atividades ilegais dos bandos armados.
A anterior operação teve lugar em março passado, após uma patrulha das forças militares senegalesas destacadas na Gâmbia como parte da missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que ali foi atacada por rebeldes em 24 de janeiro, num camião que transportava madeira.
O ataque teve lugar enquanto os soldados realizavam uma operação de segurança a sul da cidade gambiana de Bwiam, no âmbito da luta contra o tráfico ilícito, "principalmente contra a exploração criminosa da madeira, na fronteira com a Gâmbia", de acordo com o exército senegalês na altura.
Durante a operação, as forças armadas senegalesas destruíram oito bases dos rebeldes separatistas do MFDC e recuperaram uma grande quantidade de armas, munições, veículos e outros objetos, de acordo com o exército senegalês.
Também forçou mais de 5.600 gambianos a deixar as suas casas e quase 700 senegaleses a atravessar a fronteira entre os dois países como refugiados, disseram à agência Efe fontes da Agência Nacional de Gestão de Calamidades da Gâmbia (NDMA).
Os residentes afirmaram que os projéteis das forças armadas senegalesas aterraram em território da Gâmbia, reduzindo as hortas de muitos civis a cinzas.
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