Segundo a agência de notícias France-Presse (AFP), a empresa e o Governo maliano estão em desacordo há meses por causa do complexo de Loulo-Gounkoto, no oeste do país, um dos maiores depósitos de ouro do mundo, que é detido em 80% pelo grupo mineiro e em 20% pelo Estado maliano.
"As autoridades estatais agravaram a situação ao encerrarem os escritórios da Barrick em Bamaco e ao ameaçarem colocar a mina de Loulo-Gounkoto sob administração provisória", declarou hoje o gigante mineiro em comunicado.
Em nome da soberania económica do país, o Mali reformou o seu código mineiro em 2024 e reclama à Barrick Gold centenas de milhões de euros em impostos atrasados.
"O Mali adotou um novo código mineiro em 2024 e gostaria de sujeitar as empresas mineiras a esse código quase retroativamente. É por isso que as discussões estão a estagnar", disse à AFP um conselheiro do Ministério das Minas do Mali.
As operações mineiras em Loulo-Gounkoto foram suspensas desde que as autoridades malianas apreenderam três toneladas de ouro no local, em janeiro.
A junta militar no poder já estava a impedir a Barrick Gold de exportar ouro do local, e quatro dos empregados malianos da empresa estão detidos desde novembro.
Em dezembro, as autoridades malianas emitiram mandados de captura nacionais contra o diretor-geral sul-africano da empresa e o diretor-geral maliano do complexo por "branqueamento de capitais".
O grupo canadiano declarou no seu comunicado de imprensa de hoje que um acordo foi "negociado e aceite pelo Ministério da Economia e das Finanças em fevereiro de 2025, sujeito à assinatura do Governo".
Segundo a Barrick Gold, 85 milhões de dólares (75 milhões de euros) já tinham sido pagos ao Governo do Mali em outubro "no âmbito das negociações em curso".
"Esta assinatura parece agora estar a ser dificultada por um pequeno grupo de indivíduos que colocam os seus interesses pessoais ou políticos acima dos interesses a longo prazo do Mali e do seu povo", afirmou o gigante mineiro.
O ouro contribui com um quarto do orçamento nacional maliano.
O Mali, um dos países mais pobres do mundo, é governado por militares desde um duplo golpe de Estado, em 2020 e 2021.
A junta militar fez da luta contra a corrupção e da restauração da soberania nacional sobre os recursos naturais um dos seus principais compromissos.
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