Os Estados Unidos da América (EUA) acreditam que os serviços secretos da Rússia são responsáveis por um ataque químico ao jornalista Dmitry Muratov, editor do jornal de investigação Novaya Gazeta e Prémio Nobel da Paz, ocorrido no início do mês num comboio que ligava Moscovo a Samara.
O jornalista, conhecido crítico do regime do presidente Vladimir Putin, revelou a 7 de abril que foi atacado por um agressor que lançou uma tinta vermelha com acetona sobre os seus olhos, o que fez com que “ardessem terrivelmente”.
O suspeito terá também gritado “Muratov, esta é pelos nossos rapazes”, numa alusão aos soldados russos mortos na guerra na Ucrânia.
Os jornais norte-americanos New York Times e Washington Post revelaram, na quinta-feira, que os serviços secretos dos EUA concluíram que agentes russos orquestraram o ataque.
️Неизвестный напал на главреда «Новой газеты» и лауреата Нобелевской премии мира Дмитрия Муратова прямо в вагоне поезда pic.twitter.com/xrhR62zJts
— Новая газета. Европа (@novayagazeta_eu) April 7, 2022
No final de março, o Novaya Gazeta anunciou a suspensão das suas atividades “até o fim da operação especial na Ucrânia”. A decisão foi tomada depois de o jornal receber um segundo aviso do Roskomnadzor - o órgão estatal que monitoriza a área da comunicação na Rússia.
Sublinhe-se que o mais recente Prémio Nobel da Paz foi atribuído aos jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov, pelos seus esforços para salvaguardar a "liberdade de expressão, condição essencial para a democracia e uma paz duradoura".
Segundo a academia sueca, Dmitry Muratov foi galardoado por ter defendido durante décadas a liberdade de expressão na Rússia e fundado, em 1993, o Novaya Gazeta.
Pouco antes do seu jornal suspender operações, Dmitry Muratov anunciou que a sua medalha seria leiloada e os lucros destinados a refugiados ucranianos e feridos na invasão russa da Ucrânia.
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