"Osecretário-geral (...) deixou claro que via isso [ataques] como mais uma razão pela qual a guerra deveria ser cessada. Ele tomou isso realmente como um sinal, não de desrespeito por ele, mas pelo povo de Kyiv. E também ficamos a saber, é claro, que um jornalista foi morto nesses ataques, e enviamos as nossas condolências. Mas, claramente, esses tipos de ataques precisam de parar", disse Farhan Haq, porta-voz adjunto de Guterres.Num briefing à imprensa, na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, Haq disse que "António Guterres não vê este ataque como sendo sobre ele, mas como mais um sinal de que há partes que desejam continuar essa guerra".
O porta-voz informou ainda que a equipa da ONU não foi afetada pelos ataques, por "estar a alguma distância" dos bombardeamentos, mas que as autoridades ucranianas determinarão essa distância.
Kyiv foi alvo na quinta-feira de bombardeamentos por parte das forças russas enquanto decorria a visita do secretário-geral da ONU, deixando cerca de dez feridos e um morto.
Logo após os ataques, António Guterres informou estar "seguro", mas "chocado" com a situação.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, rapidamente classificou o ataque como um "ato hediondo de barbárie", indicando que os dispositivos disparados eram mísseis de cruzeiro.
"A Rússia mais uma vez demonstra a sua atitude em relação à Ucrânia, à Europa e ao mundo", acrescentou.
Já o ministro da Defesa ucraniano, Oleksiï Reznikov, por sua vez, declarou tratar-se de um "ataque à segurança do secretário-geral (da ONU) e à segurança mundial".
O Conselho de Segurança das Nações Unidas anunciou que discutirá na próxima semana os ataques de que Kyiv foi alvo durante a visita António Guterres à cidade.
Questionado sobre os avanços na retirada de civis de Mariupol, Farhan Haq afirmou não poder entrar mais detalhes "porque a situação é complexa e fluida", e a ONU quer ter a certeza de que a operação corre da melhor forma.
Guterres chegou à Ucrânia na quarta-feira, depois de uma visita a Moscovo, onde pediu ao Presidente russo, Vladimir Putin, que coopere com as Nações Unidas para permitir a retirada de civis das áreas bombardeadas, nomeadamente no leste e sul da Ucrânia, onde as forças russas concentram a sua ofensiva.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou cerca de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,4 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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