Dez mil crianças Rohingya voltam à escola com currículo birmanês

Dez mil crianças Rohingya que vivem em campos de refugiados no Bangladesh vão voltar a ter aulas com o currículo birmanês, anunciou a Unicef, lamentando que outras cem mil continuem sem acesso à educação.

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Lusa
01/05/2022 12:19 ‧ 01/05/2022 por Lusa

Mundo

Unicef

"Num grande avanço para as crianças refugiadas Rohingya nos campos Cox's Bazar do Bangladesh, as primeiras dez mil foram inscritas para a educação com base no currículo nacional do seu país de origem, Myanmar. Este marco será alcançado este mês", anunciou a Unicef, em comunicado, citado pela agência de notícias EFE.

O projeto foi lançado pela Unicef em novembro do ano passado, após ter sido aprovado pelo governo do Bangladesh em janeiro de 2020.

Segundo a agência da ONU, este é "um passo crítico para assegurar o direito fundamental à educação" dos refugiados e prepará-los "para o seu regresso à Birmânia".

O programa-piloto abrange, na maioria, crianças entre os 14 e 16 anos "que ficaram para trás na sua educação", mas a Unicef espera alargar gradualmente o programa para que em 2023 todas as crianças possam frequentar a escola com um currículo da Birmânia.

Mais de metade (52%) dos 926.561 refugiados que vivem atualmente nos campos no Bangladesh são crianças, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

A UNICEF disse que cerca de 300 mil crianças entre os quatro e os 14 anos têm acesso a programas de educação, embora se trate de uma "medida de emergência" num sistema "largamente informal" que não fornece o ensino secundário.

As contas da Unicef apontam para que mais de cem mil crianças e jovens não tenham atualmente acesso à educação.

O anúncio do regresso às aulas surge na sequência de um grupo de 25 organizações de direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional (AI) e a Human Rights Watch (HRW), ter esta semana exortado as autoridades do Bangladesh a reabrir escolas comunitárias Rohingya.

De acordo com os signatários, cerca de 30 escolas dirigidas pela comunidade Rohingya nos campos de Cox's Bazar, criadas após atrasos na implementação do programa da Unicef, foram encerradas ou desmanteladas desde dezembro do ano passado.

As autoridades do Bangladesh negaram, contudo, ter desmantelado os centros.

Desde agosto de 2017, cerca de 738 mil Rohingya fugiram para o Bangladesh devido à onda de violência desencadeada na Birmânia, que a ONU classificou de limpeza étnica e possível genocídio, crimes contra a humanidade que estão a ser investigados por tribunais internacionais.

Leia Também: Seis mortos na fuga de mais de 500 refugiados na Malásia

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