Em entrevista ao canal público ZDF, o líder do governo alemão rejeitou as acusações de inação e as críticas de que o envio de armas para a Ucrânia promove uma escalada do conflito.
Scholz assegurou que todas as suas decisões foram tomadas com cuidado e em "coordenação" com os aliados.
Para o governante, é necessário evitar que alguém, "no pior estilo do imperialismo dos séculos XVIII e XIX", se dedique a modificar as fronteiras pela força.
Uma potência nuclear como a Rússia não se deve impor com uma política que considere os países vizinhos um "quintal" para intervir com violência, sublinhou ainda.
O político alemão manifestou ainda a convicção de que o Presidente russo, Vladimir Putin, "não acreditava que haveria tanta resistência" ou que o Ocidente "daria tanto apoio".
Scholz garantiu também que a Europa não levantará as sanções sem a aprovação da Ucrânia.
Moscovo não deve contar que tudo volte ao normal num cenário em que "as coisas permanecem como estão agora", ou seja, com a conquista parcial de território ucraniano.
"[A Rússia] Tem que chegar a um acordo com a Ucrânia", destacou o chanceler alemão, assegurando que Berlim não aceitará a anexação da Crimeia, que contraria o direito internacional.
Olaf Scholz foi ainda questionado se partilha o objetivo declarado por Washington, que quer enfraquecer Moscovo para que deixe de representar uma ameaça, com o chefe do governo alemão a referir que o objetivo da Alemanha é que "a Ucrânia possa defender a sua soberania e também que a Rússia não alcance o que se propõe a fazer".
Scholz exclui realizar uma viagem para Kiev num futuro próximo, justificando a opção com a rejeição do governo ucraniano à visita do Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, devido aos seus laços com a Rússia.
"Isso é um obstáculo", admitiu, lembrando que "não se percebe" que se negue a visita de um presidente que fornece tanta ajuda militar e financeira.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Leia Também: Comparação com Hitler? Rússia esqueceu-se das "lições" da II Guerra