Aung San Suu Kyi é incriminada em duas acusações, de acordo com a Lei Anticorrupção do país, com cada uma punível com até 15 anos de prisão e multa.
A abertura do julgamento de hoje foi confirmada por um oficial à agência de notícias AP, que falou sob condição de anonimato, porque não estava autorizado a divulgar informações.
A ex-primeira-ministra é acusada de receber dinheiro em 2019 e 2020 de Maung Weik, um magnata que foi condenado por tráfico de droga.
A televisão estatal sob controlo do Governo militar mostrou no ano passado um vídeo, no qual Maung Weik afirmava ter realizado pagamentos a ministros para ajudar os seus negócios.
Hoje, o funcionário da Comissão Anticorrupção Ye Htet disse em tribunal que os pagamentos feitos pelo magnata estavam a ser tratados como acusações separadas.
O Global New Light of Myanmar, um jornal controlado pelo Estado, noticiou em fevereiro as acusações oficiais de que Aung San Suu Kyi, no tempo em que ocupava o cargo de primeira-ministra, recebeu 550.000 dólares em quatro parcelas em 2019/20 "para facilitar os negócios de um empresário privado".
Em declarações realizadas em 2021, Maung Weik disse que deu o dinheiro entre 2018 e 2020, indicando que incluía 100.000 dólares (cerca de 95 mil euros) em 2018 para uma fundação de caridade com o nome da mãe da ex-governante e 450.000 dólares (428.000 euros), entre 2019 e 2020, para fins que não especificou.
Sob o Governo de Aung San Suu Kyi, o empresário ganhou um grande projeto de desenvolvimento que abrangeu a construção de casas, restaurantes, hospitais, zonas económicas, zonas portuárias e hoteleiras na região central de Mandalay, no Myanmar.
A líder civil deposta e Prémio Nobel da Paz está detida após o Exército ter derrubado o seu governo em fevereiro de 2021. Não foi vista nem autorizada a falar em público desde então.
A ex-governante está a ser julgada em sessões de audiência à porta fechada e os seus advogados não podem falar publicamente em seu nome ou sobre o seu julgamento por causa da imposição de uma ordem de silêncio.
Aung San Suu Kyi já foi condenada a 11 anos de prisão depois de ter sido condenada por importar e possuir ilegalmente 'walkie-talkies', violar as restrições da pandemia da covid-19, rebelião e outra acusação de corrupção.
Apoiantes da antiga Conselheira de Estado (equivalente a primeira-ministra) do Myanmar e grupos de direitos humanos disseram que os caso contra Aung San Suu Kyi eram uma tentativa de desacreditá-la e legitimar a tomada do poder dos militares, eliminando a possibilidade de participar nas eleições de 2023.
Na semana passada, um tribunal de justiça birmanês condenou Aung San Suu Kyi a mais cinco anos de prisão num dos casos de corrupção que a líder destituída e Prémio Nobel da Paz enfrenta, informaram fontes próximas do caso.
Suu Kyi, detida desde as primeiras horas do golpe de Estado realizado em Myanmar em fevereiro de 2021, é acusada neste processo de aceitar subornos no valor de 600 mil dólares (564 mil euros) e 11,4 quilos de ouro do antigo governador de Rangun, Phyo Min Thein, que testemunhou em outubro contra a líder eleita.
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