Num comunicado conjunto, as organizações indicam que "durante o período eleitoral, o papel da imprensa se torna ainda mais relevante para garantir o acesso à informação necessária para uma participação cidadã no debate público e no processo eleitoral de forma consciente e crítica".
As organizações indicam ainda que as eleições presidenciais, legislativas e regionais no país em outubro serão realizadas num "contexto de crescentes ataques a jornalistas, comunicadores e violações da liberdade de imprensa, que tendem a se agravar durante a campanha eleitoral".
Estas organizações acusam ainda o Governo "de reduzir a transparência e o acesso a dados públicos, restringindo o trabalho jornalístico e a cobertura de temas de interesse público".
Por essa razão, pedem às autoridades do executivo, legislativo e judiciário que respeitem a liberdade de imprensa e que atuem "de forma proativa para proteger jornalistas e veículos da imprensa, para que possam realizar seu trabalho de forma segura".
A carta foi assinada pela Abraji -- Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Ajor -- Associação de Jornalismo Digital, Artigo 19, Comité para Proteção de Jornalistas, Fenaj -- Federação Nacional dos Jornalistas , Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Instituto Vladimir Herzog, Intervozes e Repórteres sem Fronteiras.
Esta carta surge quando se assinala o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e no dia em que o índice anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF)revelou que Guiné Equatorial, Moçambique e Brasil são os países lusófonos com menos liberdade de imprensa.
O Brasil, que caiu do 111.º para o 110.º lugar no último ano, tem registado uma forte deterioração da relação entre a imprensa e o Governo desde a posse do Presidente, Jair Bolsonaro, que "ataca regularmente os jornalistas e os 'media' nos seus discursos", conclui a RSF.
"Violência estrutural contra jornalistas, uma paisagem mediática marcada por uma alta concentração de propriedade privada e os efeitos da desinformação são grandes desafios ao progresso da liberdade de imprensa" no Brasil, escrevem os autores.
No relatório recorda-se ainda que, na década que terminou em 2020, pelo menos 30 jornalistas foram mortos no Brasil, o segundo país da região com mais profissionais dos 'media' mortos naquele período.
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