"Não excluo a possibilidade de utilização de armas nucleares", declarou Mouratov a jornalistas, em Genebra.
O Kremlin disse que colocou as suas forças nucleares em alerta máximo, pouco antes de ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Face ao apoio internacional à Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, evocou a eventualidade de a Federação Russa usar armas nucleares táticas, as quais, segundo a doutrina militar russa, podem ser utilizadas para obrigar um adversário a recuar.
Ao intervir durante um evento por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, Mouratov, cujo jornal Novia Gazeta foi obrigado a suspender a publicação em plena invasão russa da Ucrânia, considerou que os propagandistas do Kremlin tentam tornar o uso de armas nucleares aceitável para a sociedade russa.
"Desde há duas semanas, vemos nas televisões que os silos nucleares deviam ser abertos", acrescentou. "E também ouvimos que estas armas deveriam ser utilizadas se as entregas de armas à Ucrânia prosseguirem".
Porém, ao contrário do que afirma a propaganda, realçou, o uso de tais armas "não significaria o fim da guerra". Mas "isso seria o fim da humanidade", contrapôs.
Para Mouratov, o poder "absoluto, sem restrições" adquirido por Putin é a coisa mais assustadora hoje na Federação Russa.
Se o dono do Kremlin decidir que as armas nucleares devem ser utilizadas, "ninguém o pode impedir de tomar essa decisão, nem o parlamento, nem a sociedade civil, nem o público", acrescentou.
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