Zelensky apela a nova ação de Guterres para "salvar" feridos em Azovstal
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou esta quarta-feira a uma nova intervenção do secretário-geral da ONU, António Guterres, para ajudar a "salvar" os feridos que se encontram na siderúrgica de Azovstal, na cidade ucraniana cercada de Mariupol.
© Getty Images
Mundo Rússia/Ucrânia
"As vidas das pessoas que lá permanecem estão em perigo (...) Pedimos a sua ajuda para salvá-los", referiu Zelensky durante uma conversa telefónica com Guterres, segundo a assessoria de imprensa do chefe de Estado ucraniano.
Segundo Kiev, centenas de soldados e civis, incluindo dezenas de crianças, estão nas galerias subterrâneas deste complexo industrial.
A ONU já participou no domingo na organização da evacuação de uma centena de civis presos em Azovstal, que é também o último reduto dos combatentes armados no sul da Ucrânia naquele cidade portuária estratégica que está quase totalmente controlada pelas forças russas.
A Rússia, por sua vez, anunciou na madrugada de quarta-feira que as suas forças cessariam os ataques para a abertura de um corredor humanitário durante três dias a partir de quinta-feira, para a retirada de civis.
O Ministério da Defesa russo não fez menção aos militares, enquanto as forças ucranianas apontam para várias centenas de soldados feridos naquela fábrica.
Segundo o deputado e negociador ucraniano com a Rússia David Arahamiya, em declarações ao portal Ukrinform, as tropas russas entraram esta quarta-feira no recinto do complexo industrial siderúrgico de Azovstal.
O Estado-Maior ucraniano, por seu lado, tinha anunciado que o exército russo iniciara uma nova ofensiva, com apoio aéreo, para tentar tomar o controlo das instalações da siderurgia.
"Prosseguem o cerco e as tentativas para derrotar as nossas unidades do complexo de Azovstal. Em alguns pontos, os ataques contam com o apoio aéreo, com o objetivo de tomar o controlo da siderurgia. Sem êxito", declarou o Estado-Maior num comunicado.
Segundo Kiev, entre as ruínas da cercada cidade portuária do sudeste da Ucrânia, há mais de 10.000 habitantes sem água, comida, medicamentos e eletricidade.
A Rússia iniciou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar o país vizinho para segurança da Rússia -, condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, e a guerra, que entrou hoje no 70.º dia, causou até agora a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, mais de 5,5 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que a classifica como a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A ONU confirmou hoje que 3.238 civis morreram e 3.397 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.
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