Guineenses "de bom senso" não podem recusar tropas estrangeiras

O presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, defendeu hoje que os guineenses de bom senso não podem estar contra a vinda de tropas estrangeiras para a Guiné-Bissau, mas o parlamento deve pronunciar-se sobre a matéria.

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Lusa
10/05/2022 18:02 ‧ 10/05/2022 por Lusa

Mundo

Guiné-Bissau

"Pelos factos que ocorreram no dia 01 de fevereiro, nenhum guineense de bom senso pode estar contra a vinda das tropas estrangeiras em missão de estabilização e de paz na Guiné-Bissau", afirmou Cipriano Cassamá, salientando que todos têm obrigação de recordar os "trágicos episódios" que aconteceram na história da Guiné-Bissau, que provocaram a morte de pessoas.

Cipriano Cassamá falava na sessão de abertura da segunda sessão legislativa, que foi, entretanto, interrompida e que se reiniciará quarta-feira.

"No entanto, é igualmente bom deixar claro que qualquer processo conducente à vinda de uma missão com este propósito deve cumprir todas as formalidades constitucionais e a Assembleia Nacional Popular, enquanto legítima representante do povo guineense, deve ser ouvida e pronunciar-se nesta matéria", sublinhou.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) anunciou em fevereiro o envio de uma missão de estabilização para a Guiné-Bissau.

A decisão foi tomada na sequência do ataque em 01 de fevereiro por um grupo de homens armados contra o Palácio do Governo, quando decorria uma reunião do Conselho de Ministros, em que participavam o chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, e o primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam.

A força de estabilização já começou a chegar à Guiné-Bissau, segundo confirmação do Governo, das Forças Armadas e do chefe de Estado, mas ainda não foi dada informação pública sobre o objetivo do seu mandato, duração e missão.

Fontes militares confirmaram à Lusa que a força será composta "num primeiro momento" por 631 militar e o chefe de Estado disse que incluirá elementos do Senegal, Nigéria, Gana e Costa do Marfim.

Após o início da chegada da força de estabilização ao país, o Espaço de Concertação dos Partidos Democráticos, do qual fazem parte o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e a União para a Mudança (UM), exigiram, em conferência de imprensa, o cumprimento da lei e que o parlamento fosse ouvido e a sua "resolução levada em conta na determinação do mandato e constituição de qualquer eventual força a estacionar" no país.

Na sequência daquela conferência de imprensa, o deputado guineense Agnelo Regala, líder do União para a Mudança, foi sábado vítima de um ataque junto à sua residência no centro de Bissau, tendo sido baleado numa perna na sequência de disparos feitos contra si.

"A sociedade guineense, sobretudo a política, foi surpreendida com mais um triste e cobarde ato de tentativa de assassinato ao deputado Agnelo Augusto Regala, e todos unidos devemos condenar e repudiar veemente esse atentado ao Estado de direito democrático e exigir que as autoridades competentes investiguem e se responsabilize os seus autores morais e materiais", afirmou, no discurso, Cipriano Cassamá.

O presidente do parlamento referiu-se também ao atentado de 01 de fevereiro ao afirmar que é urgente a divulgação do relatório de inquérito para conhecer as diligências realizadas em matéria de apuramento de responsabilidade e "desassombrar o clima de suspeição que, neste momento, impera na sociedade guineense".

"Do mesmo modo, que desafia a custódia militar dos civis e militares alegadamente conotados com esses mesmos acontecimentos e confirma a transparência na atividade judicante iniciada na sequência desses mesmos atos", salientou.

Leia Também: PM de Cabo Verde inicia visita a Bissau para reforçar relações e diálogo

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