Numa conferência sobre imigração, organizada pelo Conselho Geral da Magistratura, Rafael Martínez disse que Marrocos vigia a costa africana em frente às ilhas atlânticas espanholas com barcos-patrulha.
Segundo a Polícia Nacional, ao longo deste ano tem vindo a diminuir o número de migrantes que chegam de barco às Ilhas Canárias: em janeiro foram 3.194, em fevereiro 2.302 e em março, após um acordo entre Espanha e Marrocos, 375.
O responsável acrescentou que, desde então, os números têm aumentado, mas considerou que, se não fosse o trabalho do controlo policial que Marrocos está a realizar, as Canárias estariam a enfrentar "números totalmente exponenciais".
As más relações entre Espanha e Marrocos levaram a "muitas" saídas de embarcações a partir das localidades marroquinas de Tarfaya, Dajla e El-Aiune, o que fez com que, por exemplo, Fuerteventura, nas Canárias, tenha recebido 4.364 pessoas em 2021, quando no ano anterior tinha recebido 1.100 migrantes.
Lanzarote, outro dos locais que estes migrantes mais procuram atingir, passou de 700 pessoas para 4.000 no mesmo período de tempo, acrescentou o chefe da Polícia Nacional.
Entre as pessoas que chegam a Espanha a partir de África em pequenos barcos, a maioria é de nacionalidade marroquina, seguida pela argelina.
Segundo dados publicados pela Agência Europeia de Fronteiras (Frontex), este ano a nacionalidade marroquina está claramente à frente, seguida pela guineense, senegalesa e costa-marfinense.
Martínez considerou "terrível" o número de pessoas que perdem a vida na travessia do Atlântico e disse que Espanha não pode ter migrantes amontoados, à chegada às Canárias, em condições indignas.
Defendeu que é essencial um plano de ajuda ao desenvolvimento africano, considerando que a solução para o problema é na origem, porque quando os migrantes chegam às Canárias "já é tarde".
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