Kyiv investiga deserções e abusos de poder em brigada treinada em França

Investigadores ucranianos indicaram hoje ter aberto inquéritos sobre casos de abuso de poder e deserção na brigada "Ana de Kyiv", parcialmente treinada e equipada por França.

Notícia

© TETIANA DZHAFAROVA/AFP via Getty Images

Lusa
02/01/2025 19:41 ‧ há 2 dias por Lusa

Mundo

Ucrânia

"O Gabinete de Investigação do Estado está efetivamente a analisar os factos apresentados nos meios de comunicação social, no âmbito de processos penais abertos ao abrigo dos artigos" relativos ao abuso de poder e à deserção, declarou a porta-voz daquela instância oficial, Tatyana Sapian, citada pela agência de notícias francesa AFP.

 

Esta brigada tem sido alvo de controvérsia desde que regressou, no mês passado, de França, onde foram treinados 2.300 dos 4.500 soldados que a compõem.

Segundo o prestigiado jornalista ucraniano Iuri Butussov, quase 1.700 soldados da brigada desertaram, a maioria deles antes mesmo de a sua unidade ser enviada para a frente de batalha, e 50 ainda durante a formação em França.

Numa longa mensagem publicada na rede social Facebook, Butussov acusou na terça-feira o comando militar ucraniano de ter falhado na formação inicial da brigada, que decorreu num "caos organizacional total", e de ter enviado os seus soldados para outras unidades para "colmatar lacunas" em termos de efetivos.

De acordo com Butussov, o que restou da brigada foi enviado para Pokrovsk, um dos setores mais quentes da frente oriental, ao passo que o respetivo comandante foi demitido das suas funções, juntamente com vários dos seus subordinados.

Ainda segundo o jornalista ucraniano, a brigada não foi equipada com 'drones' (aeronaves não-tripuladas) ou equipamento de interferência eletrónica, instrumentos que se tornaram essenciais para as unidades militares nesta guerra.

"Devido a esta atitude criminosa em relação à vida dos soldados, a 155.ª brigada sofreu grandes perdas logo nos primeiros dias", acusou.

"A investigação está em curso. É demasiado cedo para falar de resultados preliminares", explicou, por seu lado, a porta-voz do Gabinete de Investigação do Estado ucraniano.

Os problemas dentro da brigada "Ana de Kyiv" já tinham sido denunciados pela deputada ucraniana Mariana Bezugla, conhecida pelas suas críticas virulentas ao alto comando militar, e que, no início de dezembro, se referiu a uma "brigada 'zombie'" formada para fins "publicitários".

O Presidente francês, Emmanuel Macron, visitou no início de outubro os soldados da 155.ª brigada ucraniana, durante o seu treino em território francês.

França cedeu a esta brigada 128 veículos de transporte de tropas VAB, 18 tanques AMX-10, 18 canhões autopropulsados Caesar, bem como camiões, blindados de evacuação médica, bases de lançamento para mísseis antiaéreos Mistral e antitanque Milan.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Quase a completar três anos de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk, e da recente autorização do Presidente norte-americano, Joe Biden, à Ucrânia para utilizar mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar a Rússia.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

Leia Também: Tribunal condena homem a 15 anos de prisão por ajudar ataques da Rússia

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas