Cabo Delgado. MNE diz que situação não está totalmente controlada

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, defendeu hoje que o terrorismo na província de Cabo Delgado, em Moçambique, "não está ainda totalmente controlada", e que a guerra na Ucrânia não pode retirar atenção a África.

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Lusa
11/05/2022 17:02 ‧ 11/05/2022 por Lusa

Mundo

Moçambique

"A presença contínua de elementos com ligações ao Estado Islâmico - Província Centro-Africana (ISCAP) e a crescente propaganda do ISIS sobre Cabo Delgado é um motivo de preocupação", disse Gomes Cravinho, na reunião ministerial da Coligação Global para Derrotar o Estado Islâmico (EI), que decorreu hoje em Marraquexe.

Salientando a importância da ajuda internacional para melhorar a situação na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, o ministro dos Negócios Estrangeiros vincou que "não se pode dizer que a situação esteja totalmente controlada", razão pela qual, argumentou, o foco deve manter-se em África.

"Apesar da terrível crise que foi criada pela invasão não provocada e ilegítima da Rússia à Ucrânia, é importante lembrar que o ISIS continua a ser uma desafiante ameaça global, continuando a afetar a Síria, o Iraque, o Afeganistão e muitos países africanos", disse o chefe da diplomacia portuguesa.

Defendendo que as soluções devem ser detidas por África, Gomes Cravinho sublinhou que a ameaça terrorista "justifica completamente um foco mais dedicado no continente" e, por isso, encara de forma positiva a criação de um grupo de trabalho dentro da Coligação Global.

Portugal, concluiu, "tem sido e vai continuar a ser um participante ativo e um promotor, quer bilateralmente, quer multilateralmente, na procura da segurança, que anda de mãos dadas com a assistência humanitária e o desenvolvimento".

Criada em setembro de 2014, por iniciativa dos Estados Unidos da América, esta coligação é composta por 84 países, sendo que Portugal faz parte da meia centena de países fundadores.

Esta coligação tem como meta a derrota dos extremistas do EI em todas as suas frentes, seja no combate à globalidade das suas atividades ou através do desmantelamento dos seus grupos afiliados.

"Combater o financiamento do EI e a sua estrutura económica, prevenir o fluxo de combatentes terroristas estrangeiros ou combater a difusão da propaganda do grupo terrorista são, em suma, alguns dos objetivos destas reuniões regulares de alto nível que juntam decisores políticos de todo o mundo", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, num comunicado divulgado na terça-feira.

Pela primeira vez, esta reunião ministerial decorreu no continente africano, zona geográfica onde se tem verificado um crescimento efetivo da atividade dos extremistas do EI.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.

Leia Também: Nyusi exige empenho dos paramilitares na reconstrução de Cabo Delgado

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