Morte de jornalista. Chefe do exército recua após PM culpar palestinianos

Jornalista foi morta enquanto trabalhava, estando equipada com colete à prova de bala - com a palavra 'Press' visível - e capacete. Disparo atingiu-a perto da orelha, numa zona sem proteção.

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Notícias ao Minuto
12/05/2022 08:54 ‧ 12/05/2022 por Notícias ao Minuto

Mundo

Al Jazeera

A jornalista palestiniana, Shireen Abu Akleh, jornalista da cadeia de televisão Al-Jazeera desde 1997, foi morta a tiro, esta quarta-feira, enquanto cobria um ataque israelita na cidade ocupada de Jenin, na Cisjordânia.

Informações iniciais, do Ministério da Saúde palestiniano, davam conta de que a profissional tinha sido morta por forças israelitas durante uma rusga do exército na cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia.

Mais tarde, contudo, as informações vinham a ser postas em causa pelos israelitas.

O primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, disse que Shireen podia ter sido morta por tiros palestinianos e não israelitas. "Com base nas informações que recolhemos, parece provável que palestinos armados, que abriram fogo indiscriminadamente, tenham sido responsáveis pela infeliz morte do jornalista", disse, em comunicado.

Já esta quinta-feira, o chefe do exército israelita parece ter voltado atrás nessas afirmações, indicando ser incerto quem disparou a bala que vitimou a jornalista. "Neste momento não podemos determinar quem disparou e lamentamos a sua morte", disse o general Aviv Kohavi, acrescentando que prossegue uma investigação.

A jornalista de origem palestiniana-norte-americana foi atingida a tiro na cabeça e morreu quando fazia a cobertura para a televisão árabe, sediada no Qatar, de um novo 'raide' israelita na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada.

Shireen Abu Akleh, conhecida repórter da cadeia televisiva, morreu pouco após ter sido atingida. Ali Samoudi, outro jornalista palestiniano que a acompanhava na produção, ficou ferido após ser atingido nas costas, mas a sua condição é estável. Este último, num vídeo partilhado nas redes sociais, diz que o ataque foi perpetrado por soldados israelitas.

Um vídeo partilhado na quarta-feira de manhã, Israel mostrava palestinianos a disparar num beco no campo de Jenin. O exército israelita disse que o vídeo se destinava a reforçar a sua alegação de que palestinianos armados estavam a disparar na área na altura.

No entanto, o grupo israelita de direitos humanos B'Tselem realizou a sua própria investigação sobre as reivindicações e lançou na quarta-feira um vídeo que lançou dúvidas sobre a narrativa do exército israelita sobre o assassinato do jornalista. Numa série de publicações no Twitter, a organização mostra a localização da jornalista e o local onde militares palestinianos estariam a disparar, para provar que não há ligação entre ambos.

O chefe de redação da Al Jazeera, Mohamed Moawad, indicou que a jornalista iria abrir o jornal noticioso, "mas nunca se apresentou", e recordou as últimas palavras que trocou com a repórter, que, como sempre, foi equipada com colete à prova de balas, capacete e com a frase 'Press' visível.

"A nossa última comunicação teve lugar 20 minutos antes deste crime odioso. Enviou uma mensagem que dizia. 'Bom dia, há uma intervenção israelita em Jenin, e vou deslocar-me agora. Estou quase pronta. Enviarei detalhes", referiu em declarações à agência noticiosa AFP, pouco após a homenagem que a Al Jazeera prestou à palestiniana-norte-americana de 51 anos e natural de Jerusalém.

Nas redes sociais, os colegas de Shireen Abu Akleh, uma das fundadoras da estação que iniciou as emissões em 1996, referiram que foi atingida por uma bala na cara e na sede da estação cumpriram um minuto de silêncio num tributo à repórter, e com cartazes onde se lia "O jornalismo não é um crime". Por detrás, nos ecrãs, surgiam imagens de confrontos nos territórios palestinianos ocupados.

"Consideramos tratar-se de um ato intencional, porque a bala atingiu exatamente a zona situada abaixo da sua orelha, onde não existe proteção", acrescentou Moawad, ao fustigar os comentários "irresponsáveis" de Israel sobre a morte da repórter.

Israel há muito que critica a cobertura da Al Jazeera na conturbada região, mas geralmente permite que os jornalistas se desloquem com relativa liberdade. Diversos jornalistas palestinianos já foram mortos ou feridos quando efetuavam a cobertura dos numerosos protestos contra a ocupação, na Cisjordânia ocupada ou na Faixa de Gaza.

Leia Também: "Chocado". Guterres pede investigação à morte de jornalista palestiniana

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