O governo francês confirmou, esta quinta-feira, que os dois cidadãos europeus detidos no Irão são de nacionalidade francesa, num incidente que considera ser injustificado e que afeta o futuro do acordo nuclear iraniano.
A França é um dos países envolvidos no acordo nuclear que os Estados Unidos estão a tentar reanimar, depois do antigo presidente Donald Trump ter rasgado o compromisso.
Num comunicado citado pela agência Reuters, o ministério dos Negócios Estrangeiros francês contou que foi convocado o diplomata iraniano em frança para discutir a detenção dos dois cidadãos.
Na quarta-feira, o ministério da Inteligência do Irão anunciou as duas detenções, apontando que os dois fomentavam "insegurança" e que "organizavam caos e desordem social com vista a destabilizar" o país.
Na semana passada, outro cidadão europeu, de nacionalidade sueca, foi detido pelas autoridades iranianas. Um diplomata francês disse à Reuters na Alemanha, antes da reunião do G7 entre ministros dos Negócios Estrangeiros, que vê "uma ausência de progresso na questão nuclear e provocações paralelas como estas".
Teerão está envolvido há mais de um ano em negociações diretas com a Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China, e com os Estados Unidos indiretamente, para relançar o acordo designado Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA).
As negociações de Viena destinam-se a fazer regressar os Estados Unidos a este acordo - do qual se retiraram unilateralmente em 2018 - em particular através do levantamento das sanções contra o Irão e garantias do pleno respeito de Teerão pelos seus compromissos.
O acordo de 2015 concedeu uma suavização das sanções ao Irão em troca de restrições ao seu programa nuclear, para garantir que Teerão nunca poderia desenvolver uma arma nuclear, o que sempre negou pretender efetuar.
O atual Presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou pretender um regresso ao acordo, mas as conversações estão num impasse desde março, quando as partes envolvidas pareciam estar perto de um compromisso.
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