"Lamento muito este assunto e quero expressar a minha proximidade ao cardeal Zen que foi libertado e bem tratado. A esperança é que iniciativas como esta não venham a complicar o já complexo e longe de ser um caminho fácil de diálogo entre a Santa Sé e a Igreja na China", disse o "primeiro-ministro" do Vaticano aos meios de comunicação social.
A polícia de Hong Kong deteve o cardeal Zen na quarta-feira passada por alegadamente colaborar com forças estrangeiras através de um fundo, agora dissolvido, dedicado a apoiar membros de movimentos de protesto pró-democracia que se mobilizaram na cidade em 2019.
"Opomo-nos firmemente a quaisquer atos de difamação do Estado de Direito de Hong Kong e à interferência nos assuntos de Hong Kong", justificou-se o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China aquando da detenção.
O cardeal Zen é conhecido por ser um grande crítico do domínio que Pequim exerce sobre a religião e o monopólio político do país, tendo já chegado a denunciar o poder totalitarista do Partido Comunista Chinês sobre as comunidades religiosas.
Em poucas horas, o antigo bispo de Hong Kong, que foi nomeado cardeal em 2006 e desempenhou um papel ativo durante os protestos antigovernamentais em 2019, foi libertado.
O Vaticano e a China renovaram em outubro de 2020, por mais de dois anos, o acordo assinado em 2018 sobre a nomeação de bispos no país asiático, que foi considerado um passo em frente no estabelecimento de relações entre os dois Estados desde a sua interrupção em 1951.
A única parte conhecida deste acordo, que permanece totalmente secreto, é que o Papa está envolvido na nomeação dos bispos e autoriza-os, o que até há dois anos não era permitido.
No entanto, muitos poucos bispos foram nomeados nesta base nos últimos anos.
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