Bahceli, líder do Partido de Ação Nacionalista, defendeu hoje, perante os deputados do seu partido, que a opção mais "lógica" seria manter os dois países nórdicos na "sala de espera da NATO".
O líder do Partido de Ação Nacionalista alertou que "a entrada da Suécia e da Finlândia na NATO significará o prolongamento da guerra na Ucrânia e até a sua expansão geográfica".
As declarações de Devlet Bahceli ocorrem um dia depois do chefe de Estado turco ter-se manifestado contra a entrada da Suécia e Finlândia na Aliança Atlântica.
Todos os 30 países que pertencem atualmente à organização de defesa devem estar de acordo para permitir novas entradas.
A Turquia critica a Suécia e a Finlândia por não aprovarem os seus pedidos de extradição de pessoas que acusa de pertenceram a "organizações terroristas", indicou na segunda-feira a agência noticiosa estatal Anadolu.
Segundo a agência estatal, os pedidos de extradição relacionam-se com pessoas procuradas por Ancara e acusadas de serem membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) ou do movimento de Fethullah Gülen.
O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, antigo aliado do predicador residente nos Estados Unidos Gülen, acusa-o de ter fomentado a tentativa de golpe de Estado de julho de 2016 e considera-o um "chefe terrorista".
Também hoje, Devlet Bahceli acusou os dois países de "ajudarem e serem cúmplices" de militantes curdos.
Ancara considera, em particular, que a Suécia é um 'santuário' - ou 'incubadora' nas palavras de Erdogan - para "terroristas", referindo-se aos membros da guerrilha do PKK ativos na Turquia.
A União Europeia (UE) considera o PKK uma organização terrorista, mas não estende essa classificação às milícias curdo-sírias Unidades de Proteção do Povo (YPG), apoiadas pelos Estados Unidos e outros países, enquanto para a Turquia se trata da mesma entidade, devido aos estreitos laços entre ambas.
"No Parlamento [sueco] há deputados que defendem os terroristas e não entregam aqueles que deveriam ser-nos entregues", destacou Erdogan esta segunda-feira.
A Suécia tem sido um destino regular para ativistas curdos exilados, como Zübeyir Aydar, ex-deputado do parlamento turco procurado por supostas ligações com o PKK, que em abril participou numa conferência no Parlamento sueco.
Deputados suecos já pediram à UE para que o PKK seja retirado da lista de organizações terroristas e a deputada sueca Amineh Kakabaveh, de origem curdo-iraniana, disse que Erdogan se referia a ela quando referiu que há terroristas no Parlamento de Estocolmo.
O PKK iniciou uma luta armada contra o Estado turco em 1984, para alcançar a independência do Curdistão, mas desde 2013 apenas reivindicou a descentralização, para melhorar os direitos dos cerca de 12 milhões de curdos na Turquia.
Desde 2018, a Turquia também luta contra as milícias curdas YPG no extremo norte da Síria, para impedir a criação de uma região curda autónoma neste país, de onde armas e combatentes do PKK poderiam chegar a solo turco.
Além da Suécia e Finlândia, também a Noruega e República Checa, ambos membros da NATO, restringiram as exportações de armas para a Turquia, devido ao conflito contra o YPG na Síria.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, tendo a invasão sido foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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