"A ambiguidade estratégica sobre a perspetiva europeia da Ucrânia praticada por algumas capitais da União Europeia [UE] nos últimos anos é uma falha e deve acabar", disse Dmytro Kuleba, numa mensagem publicada na rede social Twitter, referindo que "esse tratamento de segunda prejudica os ucranianos".
Olaf Scholz afirmou-se hoje contra o encurtamento do processo de adesão à UE da Ucrânia, explicando que não haver atalhos "é um imperativo de justiça para os seis países dos Balcãs ocidentais", que há muito desejam aderir ao bloco europeu.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, "tem razão em salientar que o processo de adesão não é uma questão de alguns meses ou de alguns anos", acrescentou, num discurso feito no parlamento alemão.
No seu discurso do Dia da Europa, em 9 de maio, Macron sublinhou que a Ucrânia, invadida pela Rússia, já é "membro de coração da nossa união".
Strategic ambiguity on Ukraine’s European perspective practiced by some EU capitals in the past years has failed and must end. It only emboldened Putin. We do not need surrogates for EU candidate status that show second-class treatment of Ukraine and hurt feelings of Ukrainians.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) May 19, 2022
Mas o processo de adesão à UE, a que aspira Kiev, "irá demorar vários anos, ou melhor, várias décadas", referiu o Presidente francês, propondo, ao mesmo tempo, a criação de uma "nova organização europeia".
Um ponto de vista que surpreendeu Kiev, tendo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lembrado na quarta-feira passada que a Ucrânia "não pode ser mantida à distância".
"É como uma mesa onde toda a família está reunida e se convida alguém, mas não se põe mais uma cadeira. Acho injusto", disse.
"É muito importante para nós reservar este lugar [na UE] para a Ucrânia", acrescentou Kuleba.
A questão da adesão da Ucrânia à União Europeia tem sido um tema central na política de Bruxelas face à invasão russa, mas os métodos e o processo de entrada do país ao bloco europeu não tem sido consensual entre os Estados-membros.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 84.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas -- cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,1 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também as Nações Unidas disseram que cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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