Pelosi advertiu em comunicado para o risco de retaliação dos Estados Unidos, corresponsável pelo acordo de paz de 1998, se o Reino Unido agir unilateralmente para mudar os acordos comerciais para a Irlanda do Norte.
"Se o Reino Unido optar por subverter os Acordos da Sexta-feira Santa, o Congresso não pode e não apoiará um acordo bilateral de comércio livre com o Reino Unido", afirmou.
O líder do Partido Democrata Unionista (DUP), Jeffrey Donaldson, respondeu que é "absolutamente evidente" que o Protocolo está a afetar o acordo de paz que "tornou impossível a partilha de poder com base no consenso".
"Se Nancy Pelosi quer ver o acordo [de paz] protegido, então ela precisa de reconhecer que, na verdade, é o Protocolo que está a prejudicar e subverter o acordo e é por isso que temos que o resolver", declarou à BBC.
O Governo britânico anunciou esta semana uma proposta de lei com poderes para alterar algumas das provisões, o que terá como efeito anular unilateralmente parte do que foi acordado durante o 'Brexit' com Bruxelas.
A Irlanda do Norte é a única região do Reino Unido que partilha uma fronteira terrestre com um país membro da UE, a República da Irlanda, o que implicou atenção especial durante o processo de saída britânica da União Europeia (UE).
O Protocolo da Irlanda do Norte foi desenhado por Londres e Bruxelas para gerir o comércio após o Brexit entre a província britânica e o mercado único europeu e assim respeitar o acordo de paz de 1998 para a Irlanda do Norte, que determina uma fronteira aberta na ilha da Irlanda.
Para evitar uma fronteira física, o Protocolo deu à Irlanda do Norte um estatuto especial, implicando que respeite regras europeias sobre certos bens, como plantas e produtos alimentares, o que implica mais documentação e controlos na chegada de mercadorias do Reino Unido.
O DUP recusou-se a participar na formação de um novo governo de coligação até que o Protocolo seja alterado, o qual considera por em causa o lugar da província no Reino Unido ao impor na prática uma "fronteira no Mar da Irlanda".
O partido terminou em segundo lugar atrás do partido republicano Sinn Fein nas eleições para a Assembleia da Irlanda do Norte.
O acordo de paz de 1998 no território determinou um sistema político de partilha de poder entre unionistas, leais à coroa britânica, e republicanos, favoráveis à reunificação política da ilha da Irlanda.
A troca de palavras coincidiu com a visita do primeiro-ministro da República da Irlanda, Micheál Martin, hoje a Belfast para se encontrar com líderes políticos e empresariais e tentar desbloquear o impasse.
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