"Neste caso, a operação militar especial não deve ser usada como desculpa", referiu o chefe de Estado russo, durante a reunião com o governador, Anton Alijanov, citado pela agência de notícias estatal TASS.
Vladimir Putin acrescentou: "Você disse isso, mas isso não deve ser feito, pois [Kaliningrado] já sofreu uma quebra nos anos de 2020 e 2021".
"Houve uma quebra clara na construção. Por isso, a operação militar especial no Donbass não tem absolutamente nada a ver com isso. Essa referência, falando com clareza, não foi muito oportuna", insistiu.
No entanto, o Presidente russo reconheceu que existem atualmente "dificuldades adicionais" devido às sanções impostas pelos países do Ocidente, mas realçou que o problema remonta há anos.
Putin respondeu desta forma às explicações de Anton Alijanov, quando o governador procurava justificar os problemas de fornecimento de materiais de construção em Kaliningrado, que associou às sanções pela invasão russa da Ucrânia.
Kaliningrado, enclave que se encontra entre dois países da NATO, Polónia e Lituânia, apenas pode receber suprimentos por via marítima e aérea.
Putin tem referido que as sanções ocidentais são ilegais e que não atingiram o seu objetivo, embora a economia russa se tenha contraído 7,8% este ano, segundo previsões do governo.
O chefe de Estado russo defende que a única coisa que o Ocidente conseguiu com as sanções foi causar uma crise económica global e abrir caminho para o colapso do fornecimento de alimentos para as regiões mais necessitadas do planeta.
Ao mesmo tempo, alega que as economias ocidentais não poderão substituir sem o fornecimento de energia russa.
A guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas -- cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,3 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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