Segundo a agência estatal do país, Anadolu, as operações policiais que decorreram hoje simultaneamente em 12 províncias turcas foram ordenadas pela Procuradoria-Geral da República de Ancara.
Quase todos os 48 suspeitos trabalhavam em diversos níveis do Ministério de Exteriores e foram despedidos, transferidos para outras instituições ou demitiram-se devido à sua filiação com a rede de seguidores do referido pregador islâmico, que vive no exílio nos Estados Unidos e é considerado pelo Governo turco um "terrorista".
Apenas cinco suspeitos continuavam a trabalhar no ministério até ao dia de hoje, avançou a fonte.
Após a insurreição fracassada de julho de 2016, cujos líderes militares nunca admitiram estarem vinculados a Gülen, o Governo turco realizou purgas, que ainda decorrem, no setor da administração pública e da educação, resultando em mais de 100 mil detenções e o despedimento de mais de 130 mil funcionários públicos.
Pela alegada ligação à irmandade, foram detidos, despedidos ou suspensos soldados, polícias, agentes dos serviços secretos, bem como funcionários de todos os setores do Estado, incluindo professores, docentes universitários, médicos, juízes, procuradores e governadores.
No ano passado, reportava-se que cerca de 50 mil pessoas, a grande maioria civis, ficaram em prisão preventiva e em 2020, um tribunal de Ancara condenou 333 soldados e quatro civis à prisão perpétua por participarem na tentativa de golpe.
Ainda este mês, 19 cidadãos turcos, que se identificaram como seguidores do pregador Fethullah Gülen, procuraram asilo na Grécia após chegarem de madrugada à ilha grega de Elafonisos, a sul da península do Peloponeso, para escaparem à perseguição interna ordenada Governo, avançou a agência EFE.
Até 2013, Gülen era um aliado próximo do Governo controlado pelo partido islâmico conservador AKP e pelo seu líder e agora Presidente, Recep Tayyip Erdogan.
Esta nova ronda de detenções surge numa altura em que Erdogan negou a entrada da Finlândia e a Suécia na NATO com o argumento de que estes países abrigavam "terroristas", referindo-se a membros do Partido dos Trabalhadores Curdos, milícias curdas na Síria e 'Gülenistas'.
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