"A era da tirania acabou", afirmam os 65 signatários, escritores, advogados, cineastas e ativistas dos direitos humanos na diáspora e outros que se encontram a viver na Síria.
Os autores do documento querem o "restabelecimento das liberdades públicas fundamentais, nomeadamente a liberdade de reunião, de manifestação, de expressão e de crença", bem como o direito de constituição de partidos políticos e de sindicatos independentes.
A petição, que vai ser aberta mais subscritores através da internet já foi assinada por escritores como Farouk Mardam Bey, Samar Yazbeck, Moustafa Khalifé e Yassin Al Haj Saleh, bem como pelos cineastas Hala Abdallah e Waad al-Kateab.
O líder sírio Ahmad al-Chareh, que tomou o poder a 08 de dezembro de 2024 ao derrubar Bashar al-Assad com uma coligação de grupos islâmicos armados, foi nomeado Presidente interino por um período indeterminado.
O Presidente interino detém atualmente todos os poderes, depois de ter dissolvido o Parlamento e revogado a Constituição.
Num discurso proferido na quinta-feira em Damasco, al-Chareh prometeu realizar uma "conferência de diálogo nacional" e formar um organismo a que chamou "conselho legislativo restrito".
A petição, cuja cópia foi obtida pela agência France-Presse, sublinha que o período de transição deve "contribuir para o estabelecimento do sistema político pelo qual o povo sírio se revoltou".
Bashar al-Assad reprimiu a revolta popular em 2011, que degenerou em guerra civil e que provocou mais de meio milhão de mortos.
Os signatários pedem "a eleição de uma assembleia constituinte, de acordo com uma lei eleitoral justa, e a adoção de uma nova Constituição que garanta a liberdade e dignidade".
Embora muitos sírios receiem uma islamização da sociedade com a chegada ao poder de uma coligação liderada por um grupo extremista, o texto sublinha que o Estado "não pode intervir" na vida dos sírios, seja para impor "códigos de vestuário" ou outras práticas.
O grupo que assina o documento quer também "uma solução justa para a questão curda (...) no quadro de uma descentralização administrativa negociada" com a administração autónoma que controla vastos territórios no nordeste da Síria.
Da mesma forma exigem leis que enquadrem a justiça de transição e pedem que o destino dos desaparecidos, estimados em dezenas de milhares durante o regime de Assad, seja revelado preservando os documentos, impedindo a deterioração das valas comuns e dando aos sírios acesso à verdade.
"A verdade é a única via para a reconciliação nacional", indica-se no documento.
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