Sobe para 24 número de mortos em operação policial no Rio de Janeiro

Subiu de 22 para 24 o número de mortos numa operação da polícia do estado brasileiro do Rio de Janeiro contra supostos integrantes da fação criminosa Comando Vermelho (CV), realizada na terça-feira, na comunidade de Vila Cruzeiro.

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Lusa
25/05/2022 14:56 ‧ 25/05/2022 por Lusa

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O aumento do número de mortos foi confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, depois de dois suspeitos internados no Hospital Estadual Getúlio Vargas, para onde foram levados vários feridos nos confrontos, morrerem hoje de madrugada.

Na terça-feira, uma operação realizada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, pela Polícia Federal (PF) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na comunidade de Vila Cruzeiro para prender integrantes da fação criminosa Comando Vermelho causou momentos de terror entre moradores que ficaram presos no meio dos tiroteios e da operação que teve uma duração de quase 12 horas.

Para justificar a ação, a polícia do Rio de Janeiro argumentou estar a planear a prisão de um bando de criminosos que estariam escondidos na Vila Cruzeiro para desmantelar o CV, uma fação "com uma ideologia de guerra" e que é "responsável por mais de 80% dos confrontos armados" no estado do Rio de Janeiro.

A ação motivou críticas de organizações ligadas à defesa dos direitos humanos como a Amnistia Internacional, que classificou a operação como uma "chacina".

"Mais uma chacina promovida pelo governo do RJ [Rio de Janeiro] hoje na Vila Cruzeiro (RJ). 21 pessoas mortas, 12h [horas] de tiroteios, moradores aterrorizados, creches, escolas e postos de saúde fechados. Isso não é normal e não pode ser naturalizado. Vidas negras e faveladas importam!", defendeu a organização não-governamental (ONG) também na rede social Twitter.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro também admitiu que a alta letalidade da operação policial levantou suspeitas de que aconteceu um massacre.

"Até ao momento, a legalidade da operação e a proporcionalidade no uso da força estão sendo investigadas. A alta letalidade da operação levanta a suspeita de que um massacre possa ter sido cometido", disse uma nota divulgada conjuntamente pela Controladoria e pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do estado do Rio de Janeiro.

A Vila Cruzeiro faz parte de um gigantesco conjunto de favelas na zona norte do Rio de Janeiro no qual dirigentes do grupo criminoso CV, um dos mais importantes do Brasil, além do Primeiro Comando da Capital (PCC), mantêm domínio territorial.

O novo episódio ocorreu um ano depois de uma ação policial numa outra favela da zona norte do Rio de Janeiro, a comunidade do Jacarezinho, ter provocado 28 vítimas, tornando-se a operação mais mortífera da história da cidade.

A Procuradoria-Geral da República informou na terça-feira que abriu um inquérito para apurar as circunstâncias das mortes na Vila Cruzeiro e também estabeleceu um prazo de 10 dias para que as forças que participaram na operação, que incluiu agentes da Polícia Militar, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária, oferecessem detalhes do planeamento da ação e de tudo o que aconteceu.

Os promotores disseram que vão questionar todos os agentes responsáveis pelas mortes e que vão tentar esclarecer a legalidade de cada uma das ações letais.

O órgão também ordenou que todas as armas dos agentes envolvidos na operação sejam apreendidas e enviadas para perícia.

Leia Também: Bolsonaro elogia operação que fez 22 mortos em favela do Rio de Janeiro

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