"A carta será entregue hoje ao secretário-geral da ONU", António Guterres, assinalou Ikonomu, ao garantir que a Grécia "colocará sempre o problema das provocações turcas" no leste do mar Egeu e "protegerá sempre os seus direitos soberanos".
Na missiva, o Governo grego assinala à ONU que os argumentos turcos, segundo os quais a soberania grega sobre as ilhas do leste do Egeu está vinculada à sua desmilitarização, é algo que não tem qualquer base "nem legal, nem histórica, nem na prática".
Ancara acusa Atenas de violar o compromisso de desmilitarização das suas ilhas fronteiriças incluído nos tratados de Paris de 1947 e de Lausana de 1923, e numa carta dirigida em setembro passado à ONU indicou que, por esse motivo, a soberania da Grécia sobre essas ilhas "permanece um assunto pendente".
O envio da carta da Grécia constitui uma resposta à missiva turca de 2021, mas ocorre num momento de novas tensões entre os dois países, para além do despique entre Ancara e a NATO sobre o preço do seu apoio à adesão da Finlândia e da Suécia.
No início desta semana, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reagiu indignado pelo pedido emitido pelo primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, no seu discurso perante o Congresso norte-americano, para que não autorizasse a venda de aviões de combate F-16 à Turquia.
"A partir de hoje, Mitsotakis já não existe para mim. Nunca aceitarei reunir-me com ele", reagiu Erdogan no decurso de um conselho de ministros, onde também anunciou o cancelamento da cooperação estratégica estabelecido pelos dois países vizinhos com o objetivo de melhorar a sua complexa relação.
Em pleno contencioso diplomático agravado pelas declarações do Presidente turco, ao qual o Governo de Atenas acabou por não responder diretamente, têm-se multiplicado os voos de aviões de combate turcos sobre o espaço aéreo grego, algo comum quando a tensão aumenta entre os dois países.
O envio na quarta-feira de um novo navio de prospeção sísmica turco em direção ao mar Egeu, para áreas que a Turquia reivindica como zona económica exclusiva (ZEE) mas que colidem com as declaradas pela Grécia e Chipre, não ocorre pela primeira vez, mas agora coincide com uma situação internacional particularmente sensível para os dois Estados-membros da NATO, também concentrados na evolução da guerra na Ucrânia.
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