Segundo as autoridades ucranianas, os "ataques constantes" com mísseis na Ucrânia por parte de tropas russas nas proximidades de algumas centrais nucleares ignoram os "possíveis riscos e consequências catastróficas".
"Um bombardeamento poderia levar a uma catástrofe planetária com consequências maiores do que os acidentes de Chernobyl e Fukushima juntos", disse o inspetor-chefe nuclear da Ucrânia, Oleg Korikov, em comunicado.
A Ucrânia registou casos de mísseis de cruzeiro que sobrevoaram a central nuclear desativada de Chernobyl, no sul da Ucrânia, em 16 de abril, a central de Khmelnitskii, em 25 de abril, e a central de Zaporijia, em 28 de abril.
O regulador ucraniano criticou a AIEA por não ter tomado uma posição "clara e eficaz" sobre os apelos da Ucrânia, algo que permite que os representantes russos "estejam convencidos de sua impunidade".
O regulador apelou ao diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, para pressionar a Rússia a retirar de forma imediata as tropas das centrais nucleares ucranianas, bem como exigir o fim dos bombardeamentos aéreos no país.
As forças russas controlam Zaporijia, a maior central nuclear da Europa, e controlaram durante cerca de um mês a central nuclear desativada de Chernobyl.
Em 10 de maio, Grossi admitiu "preocupação" relativamente à segurança nuclear na Ucrânia, principalmente em Zaporijia.
Garantindo estar em contacto com os "colegas ucranianos e em contacto constante com os peritos e o governo russo", o líder da AIEA admitiu que a Rússia ainda não tinha permitido a visita dos peritos da agência a Zaporijia.
A guerra na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou na quinta-feira que 3.974 civis morreram e 4.654 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates
Leia Também: Governador de Lugansk nega cerco a Severodonetsk, mas admite retirada