Guiné-Bissau quer apoio do BAD para produzir mais arroz e exportá-lo

A Guiné-Bissau quer ampliar os apoios que recebe do Banco Africano de Desenvolvimento para produzir mais arroz e até exportá-lo, disse o ministro das Finanças, defendendo que "África precisa do mundo, mas o mundo também precisa da África".

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Filipa Parreira
30/05/2022 08:58 ‧ 30/05/2022 por Filipa Parreira

Mundo

Banco Africano

"Cada dia está se evidenciando a interdependência que há entre os países e é preciso que se aproveite a potencialidade da África, por exemplo, na produção de cereais. (...) No caso da Guiné-Bissau, temos capacidade de produzir o arroz. Em vez de importarmos arroz, podíamos ser exportadores", disse João Fadiá em entrevista à Lusa à margem dos encontros anuais do BAD, que decorreram em Acra, no Gana, na semana passada.

Referindo-se ao Plano Africano de Produção Alimentar de Emergência de 1,5 mil milhões de dólares (cerca de 1,4 mil milhões de euros) que o BAD anunciou para ampliar a produção agrícola de África e responder à crise alimentar provocada pela guerra na Ucrânia, o ministro guineense disse que Bissau vai recorrer a este apoio.

Explicou que o país em curso projetos na área da produção de arroz apoiados pelo banco que "não chegam", pelo que o país vai "tentar obter mais fundos", através desse plano para poder ampliar a produção de arroz.

Sobre os 100 mil milhões de dólares (93,1 mil milhões de euros) que os países ricos se comprometeram a canalizar para os países em desenvolvimento para fazer face à pandemia de covid-19, e que por várias vezes ao longo dos encontros anuais o Presidente do BAD insistiu que cumprissem, Fadiá disse que mesmo esse montante não seria suficiente.

"Acho que a África precisaria de uns 200 ou 250" mil milhões, afirmou.

Disse ainda concordar "a 120%" com o apelo do BAD para que esses recursos, que provêm dos Direitos Especiais de Saque (DES) distribuídos pelo Fundo Monetário Internacional para o mundo enfrentar a pandemia, sejam canalizados através do banco africano.

Os DES, emitidos pelo FMI para ajudar a amortizar os impactos fiscais da covid-19, só beneficiaram África em 33 mil milhões de dólares (30,7 mil milhões de euros), de um total de 650 mil milhões (605 mil milhões de euros).

Alguns países desenvolvidos aceitaram realocar parte dos DES que lhes cabiam, algo que ainda não se concretizou, e o BAD tem apelado a que o façam através da instituição.

Os encontros anuais do BAD decorreram durante a semana em Acra e terminaram na sexta-feira com o anúncio de que a próxima edição, em 2023, será no Egito e com um apelo comum para que África seja compensada pelas alterações climáticas provocadas por outros.

O BAD é uma entidade financeira multilateral vocacionada para financiar o desenvolvimento, cujos acionistas são os governos africanos e outros países não regionais, como por exemplo Portugal.

Leia Também: Praia, Bissau e São Tomé querem recorrer a plano de emergência do BAD

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