EUA enviam (mais) armamento a Kyiv. "Extremamente negativo", diz Rússia

O chefe de Estado destacou, contudo, que não procura um conflito entre a NATO e a Rússia, nem que a Ucrânia ataque além das suas fronteiras.

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Daniela Filipe
01/06/2022 09:25 ‧ 01/06/2022 por Daniela Filipe

Mundo

Ucrânia/Rússia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reforçou o seu compromisso para com a Ucrânia, anunciando o envio de sistemas de mísseis e munições mais avançados, "que permitirão [aos ucranianos] atingir com maior precisão alvos-chave no campo de batalha".

Num artigo de opinião publicado no New York Times, na terça-feira, o chefe de Estado realçou que o país continuará "a cooperar com os aliados e parceiros nas sanções russas, as mais duras jamais impostas a uma grande economia", assim como a fornecer armamento avançado e assistência financeira a Kyiv.

Nesse sentido, os EUA planeiam enviar "mísseis Javelin anti-tanque, mísseis anti-aéreos Stinger, artilharia poderosa e sistemas de mísseis de precisão, radares, veículos aéreos não tripulados, helicópteros Mi-17 e munições", informou o responsável.

Ainda assim, Biden destacou que não procura um conflito entre a NATO e a Rússia, nem que a Ucrânia ataque além das suas fronteiras. "Enquanto os EUA ou os nossos aliados não forem atacados, não estaremos diretamente envolvidos neste conflito, quer enviando tropas americanas para combater na Ucrânia, quer atacando as forças russas. Não estamos a encorajar ou a permitir que a Ucrânia ataque para além das suas fronteiras", enfatizou, complementando que "o objetivo dos Estados Unidos é simples: queremos ver uma Ucrânia democrática, independente, soberana e próspera com os meios para dissuadir e defender-se contra novas agressões".

Um alto funcionário do governo norte-americano adiantou também que este 11.º pacote de assistência incluirá o sistema de foguetes de artilharia de alta mobilidade M142 (HIMARS), que o chefe das Forças Armadas da Ucrânia considerou, há cerca de um mês, ser "crucial" para combater os ataques de mísseis russos, cita a Sky News.

O responsável assegurou ainda que a Ucrânia garantiu que os misseis não seriam usados para atacar território russo, mas sim para "repelir os avanços russos em território ucraniano". Por sua vez, o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Ryabkov, considerou, esta quarta-feira, que o envio de M142 HIMARS por parte dos EUA à Ucrânia é "extremamente negativo", apontando que qualquer fornecimento de armas para Kyiv aumenta o risco de um confronto direto entre a Rússia e os EUA.

Além disso, assinalou, em declarações à agência russa RIA, que Washington "não faz nada" para encontrar uma solução para a crise ucraniana, realçando que, no outono passado, enquanto Moscovo procurava obter "garantias de segurança para a Rússia", o Ministério das Relações Exteriores não viu "nenhum sinal de prontidão dos EUA para abandonar a crescente tensão e confronto aberto".

Recorde-se que, na segunda-feira, o presidente norte-americano descartou o envio de sistemas de lançamento de foguetes militares de longo alcance capazes de atingir a Rússia, apesar dos repetidos pedidos de Kyiv por essas armas, perante os ataques das forças russas no Donbass.

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já matou mais de quatro mil civis, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior. O conflito causou ainda a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Biden descarta dar sistemas de 'rockets' a Kyiv que possam atingir Rússia

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