Turquia. Mulheres manifestam-se contra julgamento de associação feminista

Centenas de mulheres manifestaram-se hoje em frente a um tribunal em Istambul antes da abertura de um julgamento que pode resultar na dissolução de uma destacada associação de defesa dos direitos das mulheres, constatou uma jornalista da AFP.

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Lusa
01/06/2022 11:19 ‧ 01/06/2022 por Lusa

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Turquia

"Nunca estarás sozinha!", "Vamos acabar com os feminicídios!", gritavam as manifestantes, agitando bandeiras roxas, a cor do movimento feminista na Turquia.

Em abril, um procurador de Istambul decidiu processar a associação We Will Stop Feminicide (Vamos acabar com o feminicídio) e solicitar a sua dissolução por "atividades contra a lei e a moral".

Nursel Inal, uma das responsáveis pela associação, declarou ser político o julgamento, cuja primeira audiência começou na manhã de hoje, em Istambul.

"Existe um movimento de mulheres muito organizado na Turquia e acreditamos que este julgamento é um ataque à luta das mulheres pelos seus direitos", disse Nursel Inal à agência France Presse, diante do tribunal.

Na origem do julgamento estão queixas apresentadas por indivíduos que acusam membros da associação de "destruir a família sob o pretexto de defender os direitos das mulheres".

A organização publica regularmente relatórios sobre os assassínios de mulheres no país.

A associação também organizou diversas manifestações pela manutenção da Turquia na Convenção de Istambul, tratado internacional que estabelece o quadro legal e institucional para o combate à violência de género, da qual o país se retirou em 2021.

O Governo turco justificou a sua decisão de abandonar o tratado por este incentivar a homossexualidade e ameaçar a estrutura familiar tradicional.

Segundo a plataforma, 160 mulheres foram mortas nos primeiros seis meses de 2022 na Turquia, a maioria delas por familiares. O número de vítimas de feminicídio no ano passado foi de 423.

"Estamos sob pressão do Governo porque tornamos cada feminicídio visível, publicando os nomes das mulheres mortas uma a uma", sublinhou Inal.

"Os nossos relatórios contradizem a afirmação do Governo de que o número de feminicídios caiu", sublinhou a responsável da organização.

Leia Também: Erdogan quer que Suécia e Finlândia apoiem política antiterrorista

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