Província chinesa usa código QR de rastreamento para travar protestos

A província chinesa de Henan está a usar a aplicação de rastreamento e armazenagem dos resultados dos testes para a covid-19, imprescindíveis para viajar e aceder a locais públicos na China, para impedir protestos.

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© CFOTO/Future Publishing via Getty Images

Lusa
14/06/2022 09:14 ‧ 14/06/2022 por Lusa

Mundo

Covid-19

Segundo a cadeia televisiva de Hong Kong Phoenix TV, o código QR de pessoas que tentaram deslocar-se até Henan, após bancos estatais locais terem suspendido transferências e levantamentos, ficou subitamente vermelho, que impede viagens para outros territórios ou acesso a locais públicos, ao chegar a Henan ou mesmo antes de começarem a viagem.

Desde o início da pandemia que os governos locais chineses emitem estes códigos, que atestam que o utilizador não esteve numa área de risco de contágio ou em contacto com possíveis pessoas infetadas.

No entanto, nos últimos meses surgiram indícios de que as autoridades chinesas estão a usar estes códigos para evitar viagens indesejadas.

A Phoenix TV informou que uma mulher, identificada pelo apelido Ai disse que, ao chegar à capital da província de Henan, a cidade de Zhengzhou, no domingo passado, foi visitada no hotel por um polícia, que lhe perguntou o motivo da sua viagem.

Ai respondeu que queria levantar as suas poupanças. Pouco depois, o seu código de saúde QR ficou vermelho.

A Phoenix TV também relatou o caso de outra mulher, identificada como Xiao Nan, cujo código QR passou a estar vermelho, mesmo antes de sair da cidade de Shenzhen, no sudeste, aparentemente relacionado com o facto de ter cerca de 350.000 yuan (49.800 euros) depositados em vários bancos em Henan.

As autoridades locais explicaram a Xiao Nan que foi o governo da província de Henan que pediu que lhe fosse atribuído um código vermelho, apesar de isto também lhe impedir de aceder a locais públicos em Shenzhen.

Vários outros membros de um grupo na rede social Wechat, que reúne membros afetados pela crise bancária em Henan, também viram os seus códigos ficarem vermelhos.

De acordo com os regulamentos daquela província, apenas podem ser atribuídos códigos vermelhos a pessoas que sejam casos confirmados de covid-19, contactos diretos de casos positivos ou que cheguem do estrangeiro ou de zonas do país consideradas de risco.

O assunto gerou debate na rede social Weibo - o equivalente local do Twitter, que está bloqueado no país asiático -, onde alguns internautas manifestaram a sua indignação pelo abuso de uma ferramenta de prevenção epidémica.

"O código de saúde já se tornou uma ferramenta política", lamentou um internauta.

Desde abril passado, alguns bancos rurais em Henan limitaram a quantia de dinheiro que pode ser levantada.

As autoridades notificaram os acionistas de algumas dessas entidades que os bancos estão sob investigação, suspeitos de terem incorrido em irregularidades nos seus depósitos.

De acordo com a Phoenix TV, até 400.000 pessoas podem ter sido afetadas, e alguns clientes que vivem em outras províncias tentaram viajar para Henan, na esperança de conseguir levantar as suas poupanças.

Leia Também: Bachelet garante que "levantou preocupações" sobre direitos na China

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