Separatistas russos acusaram a Ucrânia de interferir com os corredores humanitários estabelecidos em Severodonetsk para a retirada de civis da fábrica de químicos Azot, avança a agência RIA, esta quarta-feira.
De acordo com o comandante do segundo ramo do exército da autoproclamada República Popular de Lugansk, Alexander Nikishin, as forças ucranianas bombardearam a entrada de Azot às 8h10, pelo que a operação foi, alegadamente, interrompida.
"Cerca de mil a 1.200 civis podem estar ainda no território da fábrica de químicos Azot", acrescentou ainda Rodion Miroshnik, o ″embaixador″ na Rússia da autoproclamada República Popular de Lugansk, citado pela Sky News.
Estarão também entre 300 a 400 soldados ucranianos no local, complementou.
De notar que a informação das forças russas não pôde ser confirmada de forma independente.
Recorde-se que, na terça-feira, a Rússia anunciou a abertura de um corredor humanitário para a retirada de civis da fábrica de produtos químicos Azot, para uma localidade sob controlo russo, esta quarta-feira.
"Um corredor humanitário será aberto em direção ao norte (para a cidade de Svatove) em 15 de junho" das 08h00, horário local (06h00 em Lisboa), às 20h00 (18h00 em Lisboa), declarou o Ministério da Defesa russo num comunicado à imprensa.
"A retirada segura de todos os civis, sem exceção, […] está garantida", referiu o ministério russo.
O país apelou também à rendição das forças ucranianas na fábrica de produtos químicos Azot onde, segundo a Ucrânia, estarão também abrigados cerca de 500 civis – entre os quais 40 crianças –, numa situação semelhante à resistência em Azovstal durante o cerco a Mariupol.
O coronel Mikhail Mizintsev, que esteve encarregue da tomada daquela cidade portuária, disse que os combatentes deveriam de "parar com a resistência sem sentido e baixar as armas", cita o The Guardian.
O Ministério da Defesa russo terá estabelecido o prazo até à manhã desta quarta-feira, por volta das 08h00 em Moscovo (06h00 em Portugal). Contudo, as forças ucranianas não mostram sinais de rendição, continuando os combates, segundo a Reuters.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 15 milhões de pessoas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Além disso, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A ONU confirmou ainda que 4.432 civis morreram e 5.499 ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
A invasão russa - justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores.
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