A coligação oposicionista Yewwi Askan Wi (Liberdade ao Povo) organizou, na sexta-feira, protestos não autorizados, tendo morrido três pessoas em Dacar, Bignona e Ziguinchor.
Citado pela agência noticiosa Efe, o seu líder, Ousmane Sonko, garantiu: "Vamos manter o nosso plano de ação. Em 29 de junho vamos organizar uma manifestação, seja autorizada ou não".
Sonko acusou o Presidente Sall de querer estabelecer uma ditadura no Senegal e de ser responsável pela proibição da manifestação organizada no dia 17, após tomar consciência do êxito de uma primeira, autorizada e pacífica, realizada em 08 de junho.
"Não podemos continuar a aceitar Macky Sall. Desde que está à frente deste país, já faz 10 anos, gere-o de forma monárquica, ditatorial, viola todas as liberdades, encarcera os opositores (...), elimina da competição eleitoral todos os que lhe podem fazer sombra", acrescentou o líder oposicionista.
Na sua perspetiva, a manifestação de sexta-feira "conseguiu redirecionar todas as câmaras do mundo para o Senegal".
"E a prova é que há muito tempo que não tínhamos a imprensa internacional nos nossos centros de imprensa", tendo sido possível "acompanhar a cobertura desta manifestação", referiu.
Segundo Sonko, "o mundo vai descobrir quem é Macky Sall", um homem "que finge ser o defensor de África, um democrata que rejeita que as eleições decorram normalmente no Senegal".
Para o líder oposicionista, o Presidente senegalês pretende ultrapassar os dois mandatos permitidos pela Constituição, concorrendo nas eleições presidenciais de 2024.
A coligação exigiu também a libertação dos detidos na manifestação de sexta-feira e anunciou a abertura de procedimentos legais contra o Estado senegalês pela morte dos três manifestantes.
As concentrações de 08 e 17 de junho foram convocadas em protesto contra a decisão do Conselho Constitucional de rejeitar a lista apresentada por Sonko para as próximas legislativas, sob o argumento de que não respeitava a lei de paridade entre homens e mulheres.
Em março de 2021, Sonko foi detido por perturbar a ordem pública enquanto a sua comitiva, cercada por dezenas de simpatizantes, se encaminhava para o tribunal de Dacar.
O incidente deu origem a graves distúrbios no Senegal, os quais provocaram 13 mortos, segundo as autoridades.
O líder oposicionista tinha sido convocado pela justiça depois de a massagista Adji Sarr, de 20 anos, o acusar de lhe ter "exigido favores sexuais" em várias ocasiões e alegado ter sido ameaçada com "duas armas".
Conhecido pelo seu discurso antissistema, Sonko critica com frequência a má governação, a corrupção e o neocolonialismo francês, contando com muitos seguidores entre a juventude senegalesa.
Nas eleições presidenciais de 2019, em que Macky Sall conquistou um segundo mandato, Sonko ficou em terceiro lugar, mas tornou-se no principal líder da oposição depois de o segundo classificado, Idrissa Seck, se juntar à maioria no poder.
As próximas presidenciais no Senegal estão previstas para 2024, sendo que Sall ainda não deixou claro se se apresentará para um controverso terceiro mandato, não permitido pela Constituição.
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