O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse esta quinta-feira que Ancara está já a investigar as alegações que indicam que cereais ucranianos terão sido roubados pelas tropas da Rússia, noticia a Reuters. A mesma fonte garantiu que não irá permitir que tais cereais venham a ser transportados para a Turquia.
Isto depois do embaixador de Kyiv em Ancara ter dito, no início de junho, que o país estava entre o leque de compradores dos cereais alegadamente roubados pela Rússia à Ucrânia - acrescentando ainda ter procurado a ajuda da Turquia para identificar e capturar os indivíduos responsáveis por tais carregamentos.
Já Moscovo, por sua vez, tinha negado as alegações de que tinha sequer roubado cereais pertencentes a Kyiv.
"Levamos todas as reivindicações a sério e estamos a investigá-las a sério. Notificaremos especialmente o lado ucraniano do resultado", veio agora assegurar Mevlut Cavusoglu, numa conferência de imprensa conjunta com a ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, em Ancara.
O ministro turco disse que o país se oporia a que a Rússia ou qualquer outro país tomasse posse, indevidamente, de cereais ou outros bens ucranianos e que os vendesse ilegitimamente nos mercados internacionais. "Nós, como Turquia, não permitiremos que estes bens venham até nós", assegurou.
O assunto ainda não foi comentado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, noticia ainda a Reuters.
A Rússia e a Ucrânia são responsáveis por quase um terço do fornecimento global de trigo. Porém, neste momento, as exportações de cereais ucranianos a partir dos seus portos no Mar Negro têm estado paradas desde o início da invasão russa, havendo cerca de 20 milhões de toneladas de cereais retidos.
Esta é uma realidade que está a provocar enormes receios quanto a uma crise alimentar global, com os países africanos a apresentarem um maior risco de situações de fome severa.
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