"Amanhã (terça-feira) vamos formalizar a decisão: 30% da área marítima da Colômbia vai ser declarada 'área protegida'. Isto vai colocar a Colômbia como o país líder, a nível mundial, no que diz respeito a áreas marítimas protegidas", declarou à Lusa o chefe de Estado da Colômbia, que participa na II Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa.
Para Iván Duque, a medida vai traduzir-se na "luta contra a pesca de arrasto, proteção de recifes de coral, proteção das espécies" e promover a conservação com base em soluções ligadas ao próprio meio ambiente.
"Para nós é um feito histórico porque é o ponto mais importante da agenda ambiental do nosso país, nos últimos anos", disse, acrescentando que a duplicação para 30% da área protegida liga as águas colombianas às águas territoriais protegidas do Equador, Costa Rica e Panamá, incluindo as reservas de Malpelo e Yuruparí, Galápagos, Coiba e Cocos.
Na prática, Bogotá vai "duplicar os atuais 16 milhões de hectares" de área marítima, sendo que "nove milhões de hectares" vão passar a ser zonas "no take", ou seja "áreas hiper protegidas".
Por outro lado, a medida anunciada pelo chefe de Estado no âmbito da II Conferência dos Oceanos vai promover também o investimento nos serviços da guarda costeira e de vigilância e, "adicionalmente", mais desenvolvimento de projetos científicos.
Neste sentido, a Colômbia vai dar início em julho às missões do novo navio oceanográfico "Simón Bolívar", o maior do país.
O chefe de Estado da Colômbia disse ainda à Lusa que o anúncio do alargamento da área marítima protegida foi o tema central da reunião que teve hoje com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na capital portuguesa.
"A Colômbia não está apenas a dar passos nas áreas marítimas, estamos também empenhados nas áreas terrestres e estamos a acompanhar tudo isto através dos recursos da 'taxonomia verde', das soluções com base na natureza. Acreditamos que este é um passo fundamental para que a Colômbia se consolide como uma potência em biodiversidade, em proteção e conservação ambientais", disse Duque, referindo-se à mensagem que transmitiu a Guterres.
De acordo com o Presidente colombiano, a decisão do alargamento da área marítima protegida foi tomada "há uns meses" adiantando em oito anos a meta que tinha sido previamente estabelecida (2030), com o envolvimento direto da Academia de Ciências da Colômbia.
A Conferência dos Oceanos da ONU 2022, que decorre até sexta-feira em Lisboa, é coorganizada por Portugal e pelo Quénia e pretende impulsionar esforços globais de proteção dos oceanos.
O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU procura soluções para a conservação e sustentabilidade dos oceanos, mares e recursos marítimos.
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