"Na sequência da agressão militar russa contra a Ucrânia, a presidência checa apoiará os esforços da UE para defender a soberania e integridade territorial da Ucrânia, utilizando todos os instrumentos e programas oferecidos pela UE, incluindo o reforço das sanções", indica Praga no programa que traçou para a sua liderança semestral, entre 01 de julho a 31 de dezembro, e que sucede à presidência francesa.
Já falando no pós-guerra no território ucraniano, alvo de uma ofensiva russa desde fevereiro, a República Checa quer uma reconstrução do país "centrada na restauração de infraestruturas críticas, assegurando serviços básicos, reforçando a resiliência e a recuperação económica e a estabilidade", defendendo ainda uma "forte cooperação da UE com a Ucrânia e a obtenção dos recursos financeiros".
Salientando que "o apoio político e militar da UE e dos seus Estados-membros à Ucrânia é do interesse vital para garantir a segurança na Europa", a presidência checa garante também que irá "trabalhar a favor da obtenção de um consenso sobre a concessão do estatuto de candidato à Ucrânia", depois de os líderes europeus terem apoiado a recomendação da Comissão Europeia nesse sentido.
Ainda no que toca a Kyiv, Praga aponta, nas suas prioridades, que a invasão russa do país causou a mais grave crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, pelo que "a UE deve tomar todas as medidas para ajudar a melhor lidar com a vaga de refugiados sem precedentes, em particular de mulheres e crianças", o que exige "a mobilização de todos os recursos e conhecimentos disponíveis, bem como a sua utilização coordenada".
A guerra da Ucrânia veio também expor a dependência energética da UE à energia russa, nomeadamente ao gás, petróleo e carvão, o que acentuou a crise no setor, causando elevados preços e receios de problemas de fornecimento.
Por isso, a presidência checa quer trabalhar para assegurar a segurança energética na UE, argumentando que a União "não pode ser vitalmente dependente de países que ameaçam diretamente" o espaço comunitário.
Depois de o Parlamento Europeu e o Conselho terem acordado novas regras para armazenamento de gás, prevendo que as instalações na UE estejam pelo menos 80% preenchidas até 01 de novembro próximo, Praga quer "trabalhar na implementação da regulamentação das reservas".
E assinala a intenção de "promover compras conjuntas voluntárias, para que a UE utilize o seu peso de uma forma semelhante à compra de vacinas", aludindo a uma eventual aquisição comum de gás, quando Bruxelas teme rutura do fornecimento russo no próximo inverno.
A presidência checa adianta também que "trabalhará na implementação de uma combinação adequada de instrumentos que reduzirá o impacto social e económico negativo dos elevados preços da energia".
Dadas as tensões geopolíticas mundiais e a "crescente instabilidade global", a República Checa conclui que irá focar-se "no reforço das capacidades de segurança e defesa", avançando com a implementação do plano de ação da "Bússola Estratégica" (documento de orientações políticas e estratégicas para a política de segurança e defesa da UE) e o desenvolvimento da cooperação a longo prazo sobre sistemas militares estratégicos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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